Economia

Dívida externa de bancos brasileiros dobra em 15 meses

Valor subiu de US$ 63,6 bilhões em 2009 para US$ 122 bilhões neste ano

Dinheiro captado pelos bancos no exterior preocupa o governo por conta do impacto que provoca na expansão do crédito no Brasil (Pedro Zambarda/EXAME.com)

Dinheiro captado pelos bancos no exterior preocupa o governo por conta do impacto que provoca na expansão do crédito no Brasil (Pedro Zambarda/EXAME.com)

DR

Da Redação

Publicado em 18 de maio de 2011 às 10h21.

São Paulo - A dívida externa dos bancos brasileiros dobrou nos últimos 15 meses - de US$ 63,6 bilhões em dezembro de 2009 para US$ 122 bilhões em março deste ano. O ritmo é bem superior ao endividamento externo total do País, que inclui empresas e o governo. Este saiu de US$ 277,6 bilhões para US$ 381,3 bilhões no mesmo período, o que representa uma alta de 37%.

O dinheiro captado pelos bancos no exterior preocupa o governo por conta do impacto que provoca na expansão do crédito no Brasil. A lógica é simples: a instituição toma dólares emprestados lá fora, os converte em reais e aplica no Brasil, em crédito ou em títulos públicos. Ao transformar o dinheiro lá de fora em empréstimo aqui dentro, os bancos estimulam o consumo, o que desagrada o governo, no momento em que são adotadas medidas para conter a escalada da inflação por meio da desaceleração da economia.

Do ponto de vista do endividamento dos bancos em si, a preocupação é menor, porque as instituições financeiras são obrigadas a se proteger das eventuais variações cambiais recorrendo a uma operação do mercado chamada de hedge cambial. Com isso, os riscos de que uma brusca oscilação do real ante o dólar provoque uma crise são reduzidos.

O analista de instituições financeiras da Austin Rating, Luís Miguel Santacreu, observa que, nos últimos 12 meses, o crédito total na economia brasileira se expandiu 20,7%, um ritmo superior ao que os próprios bancos esperavam. "No fim do ano passado, o guidance (guia) dos bancos apontava uma expansão entre 13% e 16%", afirmou.

Para ele, apesar do desejo do governo, as instituições financeiras não têm encontrado razões para desacelerar o crédito. "As ações do próprio governo indicam um pouso suave da economia brasileira. Nesse cenário, os bancos continuam a emprestar, porque não há perspectiva de uma forte alta da inadimplência", argumentou. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Acompanhe tudo sobre:América LatinaBancosCréditoDados de BrasilDívidas empresariaisFinanças

Mais de Economia

Senado aprova em 1º turno projeto que tira precatórios do teto do arcabouço fiscal

Moraes mantém decreto do IOF do governo Lula, mas revoga cobrança de operações de risco sacado

É inacreditável que Trump esteja preocupado com a 25 de Março e Pix, diz Rui Costa

Tesouro: mesmo com IOF, governo precisaria de novas receitas para cumprir meta em 2026