As discordâncias que tem emanado da alta cúpula do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva começam a chamar a atenção da mídia internacional. Segundo reportagem publicada nesta sexta-feira (6/02) pelo jornal americano The Wall Street Journal, durante um ano, Lula conseguiu levar a cabo uma política econômica coerente e coordenar com maestria um time de características bem contrastantes, formado por ex-radicais de esquerda, empresários e até mesmo um ex-executivo de banco.

Este ano, no entanto, segundo o jornal, essa harmonia começa a dar sinais de cansaço e as diferenças de opinião entre os diferentes membros do alto escalão têm ficado mais evidentes. Com um agravante: isso acontece num momento delicado, pois o Fed, o Banco Central americano, sinalizou uma mudança no rumo da política de juros dos Estados Unidos, o que não seria nada favorável para os países emergentes como o Brasil.

Entre os sinais de pouca unidade no time de Lula, o WSJ comenta as opiniões discordantes de membros da alta cúpula veiculadas nas últimas semanas sobre a política de juros, sobre a extensão da Zona Franca de Manaus e sobre o programa de contratação de funcionários públicos, assim como o fato de Henrique Meirelles, presidente do Banco Central, ter precisado declarar publicamente que não deixará o cargo, tamanho o volume de rumores sobre uma eventual renúncia.

Mas os dissabores do governo citados pelo jornal não páram por aí. Ele também comenta o conflito do time da política austera para controle da inflação versus o dos favoráveis a uma política de crescimento que satisfaça a população e chama de inapropriada a declaração de Lula, que afirmou, no entender do WSJ de maneira jocosa, que a independência do Banco Central era assunto bom para dissertação de acadêmicos