(Tom Brenner/Reuters)
Bloomberg
Publicado em 21 de agosto de 2021 às 19h15.
Por Brian Eckhouse e Jennifer A. Dlouhy, da Bloomberg
O primeiro grande teste das ambições de energia limpa de Joe Biden pode não ser a aprovação pelo Congresso de uma ampla legislação climática, mas o gerenciamento de uma cadeia de suprimentos de energia solar abalada pela apreensão de painéis chineses importados.
Várias empresas já tiveram componentes solares retidos em portos dos Estados Unidos na esteira de um veto do governo Biden de equipamentos que usam matérias-primas originalmente da Hoshine Silicon Industry, segundo pessoas a par da situação que pediram anonimato.
As apreensões acontecem em meio à nova pressão de alguns fabricantes do setor de energia solar americanas para estender as tarifas às fábricas relacionadas à China no Vietnã, Malásia e Tailândia, os maiores fornecedores de painéis dos EUA. Essas questões ameaçam afetar o mercado de energia solar dos EUA, o que pode colocar em risco a meta de Biden de um setor de energia livre de carbono até 2035.
“Está claro que o governo quer 40% da geração de eletricidade do país com origem na energia solar”, disse Abigail Ross Hopper, presidente da Solar Energy Industries Association (SEIA), em entrevista quarta-feira. “Esse tipo de incerteza e custos adicionais podem ter um impacto material em suas metas de implantação rápida.”
Embora a associação não esteja ciente de atrasos em projetos específicos, Hopper disse que as apreensões tiveram um efeito negativo sobre a indústria. A SEIA soube de empresas não querem fechar contratos para remessas futuras até obterem mais clareza sobre como a proibição será aplicada.
Incorporadoras de energia solar já encontram dificuldade para provar que os produtos recebidos - alguns dos quais podem ter sido encomendados meses antes da proibição de Biden - não contêm materiais da Hoshine. Um grande fabricante de painéis solares alertou esta semana que todas as importações da China correm risco de serem retidas pela Alfândega e Proteção de Fronteiras dos EUA.
A fabricante Canadian Solar disse que quatro de seus módulos de amostra enviados da China para o escritório nos EUA foram apreendidos na semana passada por funcionários devido a um problema de originação, e que todos os embarques chineses correm o risco de serem barrados na fronteira.
Outras empresas também foram afetadas, com vários contêineres apreendidos em diferentes portos, segundo pessoas a par das medidas. O custo da retenção de produtos na alfândega dos EUA é proibitivo, fazendo com que outras empresas questionem se vale a pena correr o risco de tentar importar, disse uma das pessoas.
A ordem do governo Biden faz parte dos esforços para abordar as supostas violações dos direitos humanos na região de Xinjiang. A China nega as acusações, que alega serem uma tentativa de minar negócios bem-sucedidos.
Defensores da energia solar nos EUA apelam ao governo para ajustar sua abordagem inicial de modo a frear abusos dos direitos humanos em Xinjiang sem afetar as importações. Hopper sugeriu um foco no polissilício, não no metal a partir do qual é formado. E alguns defensores da energia solar estão pedindo ao governo que implemente medidas futuras para que as empresas não sejam apanhadas de surpresa, de acordo com duas pessoas a par do assunto.
Um porta-voz da Casa Branca não respondeu mensagens com pedido de comentários, e uma porta-voz da alfândega não respondeu de imediato a um e-mail.
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