Economia

Diretor do Fed antevê balanço "muito menor" daqui a 5 anos

As autoridades estão tentando elaborar um plano para reduzir gradualmente a montanha de US$ 4,5 trilhões em ativos do banco central

Federal Reserve: Williams reafirmou sua expectativa de três acréscimos nos juros neste ano (Kevin Lamarque/Reuters)

Federal Reserve: Williams reafirmou sua expectativa de três acréscimos nos juros neste ano (Kevin Lamarque/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 29 de maio de 2017 às 18h40.

Frankfurt - O responsável pelo escritório do Federal Reserve em São Francisco, John Williams, antevê que o banco central dos EUA terá um balanço patrimonial “muito menor” dentro de cinco anos, ao final de um processo de redução que pode começar com um “passinho de bebê” ainda neste ano.

“Quão grande será o balanço patrimonial daqui a cinco anos, quando tudo isso tiver acontecido?”, colocou Williams em entrevista a Haslinda Amin, da Bloomberg TV em Cingapura, nesta segunda-feira. “Isso é algo que não decidimos. Será muito menor do que hoje.”

As autoridades estão tentando elaborar um plano para reduzir gradualmente a montanha de US$ 4,5 trilhões em ativos do banco central com um processo previsível que visa minimizar as reações dos mercados.

A preocupação é evitar uma reprise do chamado “taper tantrum” de 2013 — quando o então presidente do Fed, Ben Bernanke, provocou choques nos mercados globais com a simples sugestão de que a instituição iria diminuir as compras de ativos.

Williams, que não vota no comitê de política monetária neste ano, afirmou que a redução será “tediosa” e ocorrerá como “pano de fundo”, de forma que o Fed ainda ficará com bem mais ativos do que antes da crise.

“A questão não é se iremos reduzir significativamente o balanço patrimonial”, ele disse. “É se, no final, o balanço patrimonial terá US$ 2 trilhões ou US$ 2,5 trilhões ou algo assim. Eu não estou tomando decisões. Nós não tomamos decisões.”

"Hora certa"

A opinião dele é a mesma já expressada por sua contraparte no escritório regional do Fed em Cleveland, Loretta Mester, que também não vota no comitê de política monetária neste ano.

Em entrevista ao jornal alemão Handelsblatt, ela defendeu que a redução do balanço patrimonial comece neste ano e seja comunicada “na hora certa”.

Em discurso em Cingapura antes da entrevista nesta segunda-feira, Williams reafirmou sua expectativa de que três acréscimos nos juros neste ano fazem sentido diante de dados “muito bons” para a economia dos EUA.

O Fed elevou os juros em março. A taxa de desemprego deve continuar caindo ao longo do ano e números relativamente fracos de inflação em março não devem alterar a estratégia do Fed se forem eventos temporários, ele disse.

“A economia vai bem, com bom impulso”, ele afirmou na entrevista à Bloomberg TV. “Temos um caminho a percorrer nos objetivos de inflação, mas estou otimista em relação à economia.”

O propósito do aperto da política monetária é impedir que a economia fique “muito aquecida por muito tempo”, acrescentou Williams.

O comandante do escritório regional do Fed em São Francisco disse não estar muito preocupado com a desaceleração do crescimento na China, mas sim com a sustentabilidade de longo prazo do sistema financeiro de lá.

“O que me preocupa na China não é este ano ou o ano que vem”, ele afirmou. “É o acúmulo bastante significativo de dívida e risco no sistema financeiro deles, que representa risco nos próximos cinco anos aproximadamente.”

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