Economia

Diretor do BC vê julho como o melhor momento da inflação

Segundo Carlos Hamilton, inflação mensal pode ter atingido seu menor nível no mês passado, sinalizando maiores variações nos próximos meses

Comércio em mercado de São Paulo: IPCA encerrou julho em 0,03%, na menor alta desde julho de 2010 (Paulo Whitaker/Reuters)

Comércio em mercado de São Paulo: IPCA encerrou julho em 0,03%, na menor alta desde julho de 2010 (Paulo Whitaker/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 12 de agosto de 2013 às 18h42.

Belém - A inflação mensal provavelmente atingiu seu menor nível mensal neste ano em julho, avaliou nesta segunda-feira o diretor de Política Econômica do Banco Central, Carlos Hamilton, sinalizando que virão variações maiores nos próximos meses, mas reforçou que o IPCA para períodos de 12 meses deve entrar em declínio neste semestre.

"De janeiro a julho, de um modo geral, nós tivemos a inflação mensal recuando e, de agora em diante, é plausível afirmar que a inflação mensal teve o melhor momento em julho e que tenda a ser maior", comentou o diretor durante apresentação do Boletim Regional do BC, em Belém, acrescentando que já em agosto e nos próximos meses a inflação será maior.

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) --indicador oficial de inflação do país-- encerrou julho em 0,03 por cento, na menor alta desde julho de 2010, por influência do recuo nos preços de alimentos e transporte. Em 12 meses, o índice acumula alta de 6,27 por cento até julho, próximo do teto de 6,5 por cento da meta de inflação do governo, de 4,5 por cento com banda de tolerância de dois pontos percentuais para cima ou para baixo.

A declaração do diretor de que a inflação atingiu seu melhor momento em julho ocorre a duas semanas da próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC, marcada para os dias 27 e 28, quando será definido o novo patamar para a taxa Selic.

O Copom começou a elevar o juro básico em abril para segurar a escalada de preços, quando a taxa Selic passou de 7,25 por cento para 7,5 por cento ao ano e, após mais duas altas de 0,5 ponto percentual, está atualmente em 8,5 por cento.

O mercado acredita que o BC continuará com seu ciclo de aperto monetário e vê a Selic a 9,25 por cento no final do ano, segundo pesquisa Focus. Os agentes econômicos acreditam que virá uma nova alta de 0,50 ponto percentual na taxa na reunião do Copom de agosto.

Por outro lado, o diretor também reforçou que a inflação em 12 meses deverá entrar em declínio neste segundo semestre.

"Tivemos inflação muito elevada no final do ano passado, então esses números, à medida que o tempo passa, vão sendo substituídos", afirmou o diretor.


Carlos Hamilton também reconheceu que há repasse cambial para os preços e reforçou que a "condução adequada da política monetária" ajuda a mitigar esse movimento. De maio para cá, o dólar acumula valorização de 14,21 por cento ante o real, refletindo uma maior desconfiança com a economia brasileira e a expectativa de que o Federal Reserve, o banco central norte-americano, irá reduzir o seu programa de estímulo monetário, que tem garantido alta liquidez internacional.

O diretor negou, por outro lado, que a autoridade monetária tenha mudado sua atuação no mercado cambial e acrescentou que a ação do BC continua "a mesma desde sempre", reforçando que não há compromisso com taxas de câmbio.

"O BC se reserva o direito de intervir quando julga que as condições de mercado assim o permitam. O BC opera como sempre operou." O dólar fechou nesta segunda-feira com alta de 0,53 por cento, a 2,2860 reais na venda, sem que o BC tenha entrado nos mercados, como fez nas duas sessões anteriores.

Na quinta-feira a autoridade monetária pegou o mercado de surpresa ao anunciar um leilão de swap cambial tradicional --equivalente a venda de dólares no mercado futuro-- quando a divisa norte-americana já caía 1 por cento ante o real. E, após o fechamento daquele pregão, fez pesquisa de demanda para novo leilão, que acabou sendo realizado na manhã de sexta-feira.

Para parte dos especialistas, a ação do BC mostrou que a autoridade monetária não quer o dólar na casa de 2,30 reais justamente para não pressionar ainda mais a inflação.

Questionado se o ritmo mais lento da recuperação econômica brasileira ajudaria a controlar a inflação, o diretor do BC preferiu não responder. Por outro lado, traçou um cenário positivo para a trajetória dos preços das commodities, dizendo que para esse segmento "as evidências sugerem acomodação".

Sobre o nível de atividade doméstico, Hamilton considerou que, "na margem", a indústria brasileira mostra sinais positivos, mantendo ainda a avaliação do BC de que a política fiscal segue expansionista.

Hamilton também fez breve comentário sobre o cenário internacional, dizendo que a volatilidade dos mercados financeiros tende a reagir a mudanças na política monetária dos Estados Unidos.

Atualizado às 18h42min.

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