Economia

Diretor do BC diz que gasolina já é cara no Brasil

Carlos Hamilton Araújo argumentou que a gasolina já é, no atual preço, 50% mais cara que nos Estados Unidos

Rebeldes estão em reunião para estabelecer um mecanismo financeiro de ajuda ao órgão político dos rebeldes (AFP)

Rebeldes estão em reunião para estabelecer um mecanismo financeiro de ajuda ao órgão político dos rebeldes (AFP)

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Da Redação

Publicado em 29 de março de 2012 às 15h08.

Brasília - A despeito do elevado patamar do preço do petróleo no momento, o chefe do departamento econômico do Banco Central, Carlos Hamilton Araújo, manteve a previsão de que os preços da gasolina não devem subir no Brasil em 2012. Mais que disso: argumentou que a gasolina já é, no atual preço, 50% mais cara que nos Estados Unidos, durante a apresentação do Relatório Trimestral de Inflação. Para ele, o aumento do preço do petróleo é um risco para a retomada da economia dos EUA.

"Se fala muito em divergência de preço da gasolina no Brasil e no resto do mundo. Mas se levarmos em conta que um galão de gasolina custa em torno de US$ 4 nos EUA e que o preço do litro está em torno de R$ 2,70 e R$ 2,80 no Brasil, o galão no Brasil custaria cerca de US$ 6. Ou seja, cerca de 50% mais caro que o praticado nos Estados Unidos", disse Hamilton.

A defesa do diretor do BC veio logo após a afirmação de que a instituição espera reajuste zero da gasolina nas bombas em 2012. A expectativa da casa é diferente da observada em alguns setores do mercado e até na Petrobras de que é necessário elevar os preços. A presidente da petrolífera, Maria das Graças Foster, em entrevista ao jornal O Estado de S.Paulo, defendeu o aumento dos preços há algumas semanas. Nos últimos anos, o governo tem segurado o preço nas bombas para ajudar o BC no combate à inflação.

Apesar de considerar que a inflação em 2012 converge para o centro da meta perseguida, de 4,5%, ele admitiu que "não há apenas notícias boas a esse respeito", após apresentar alguns quadros com a desaceleração da inflação passada no atacado. "A redução da inflação dos itens comercializáveis é um destaque positivo. Entretanto, na inflação de não comercializáveis há uma grande resistência na queda, especialmente nos serviços", disse. Nos últimos 12 meses, por exemplo, a inflação de serviços acumula alta de 8,1%, muito acima do centro da meta de inflação, de 4,5%.

Outro ponto de atenção para o diretor do BC é a evolução recente dos salários, que têm apresentado ganho real acima da inflação. "A gente também observa que os salários continuam crescendo com taxas bem elevadas no início deste ano", disse.

Na entrevista, Hamilton evitou responder com clareza se há na ata do Copom e no relatório de inflação alguma sinalização de que a taxa Selic vai permanecer estável por um período de 18 meses após atingir o patamar ligeiramente acima do mínimo histórico. "Em termos de sinalização de policy, de mensagem de política, de possibilidades que se abrem, como vocês já escreveram, o BC foi bastante transparente." Ele citou parte de um documento distribuído aos jornalistas, a qual afirma que o Comitê de Política Monetária (Copom) "atribui elevada probabilidade à concretização de um cenário em que se contempla a taxa Selic se deslocando para patamares ligeiramente acima dos mínimos históricos, e nesses patamares se estabilizando".

Ao ser questionado sobre a possibilidade de a taxa Selic atingir o patamar de ligeiramente acima do mínimo histórico, o diretor disse que é preciso aguardar a próxima reunião do Copom, em 17 e 18 de abril.

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