Dinheiro: segundo chefe do Departamento Econômico do BC, resultado reflete fatores como recuperação gradual de receitas, que sofrem processo de defasagem (Marcos Santos/USP Imagens)
Da Redação
Publicado em 30 de setembro de 2013 às 16h17.
Brasília - O setor público consolidado registrou o pior resultado primário para meses de agosto da série, informou nesta segunda-feira, 30, o chefe do Departamento Econômico do Banco Central (BC), Tulio Maciel.
"É a primeira vez que registramos déficit em agosto. Foi o pior resultado da série, que se inicia em 2001", afirmou. O déficit primário em agosto atingiu R$ 432 milhões no mês passado.
Segundo Maciel, o resultado reflete fatores como a recuperação gradual das receitas, que sofrem um processo de defasagem.
"As receitas se recuperam, mas a um ritmo lento", afirmou. Ainda de acordo com ele, as desonerações tributárias tiveram contribuição "relevante" nesse aspecto, atingindo cerca de R$ 50 bilhões. "São fatores que explicam o desempenho do setor primário deste ano", disse.
Maciel afirmou que o resultado do superávit primário nos 12 meses encerrados em agosto, de 1,82%, foi o pior desde novembro de 2009 (1,38%). Maciel disse ainda que as despesas com juros em agosto, de R$ 21,871 bilhões, foram as mais elevadas da série para meses de agosto. No mesmo mês do ano passado, as despesas somavam R$ 19,1 bilhões. "De lá para cá, tivemos um agosto com um dia útil a mais e também perdas com operações de swap", disse.
As despesas com juros entre janeiro e agosto também foram as mais elevadas para o período na série histórica, atingindo R$ 163,358 bilhões, ou 5,23% do PIB.
Maciel destacou que, com um déficit primário e despesas com juros "relativamente elevadas", houve um déficit nominal de R$ 22,303 bilhões em agosto, o mais alto para o mês na série histórica. Nos 12 meses encerrados em agosto, o déficit nominal atingiu R$ 144,901 bilhões, ou 3,12% do PIB, o porcentual mais alto desde agosto de 2010.
Dívida/PIB é a relação mais baixa da série histórica
O chefe do departamento econômico do BC afirmou ainda que a relação dívida/PIB em agosto, de 33,8%, chegou ao menor patamar da série histórica, graças à variação do câmbio no mês. "Houve ajuda do câmbio. A variação de 3,59% no dólar em agosto foi determinante para este resultado", explicou.
Segundo ele, no entanto, com a variação no sentido contrário do câmbio em setembro, a projeção da autoridade monetária é de que a relação dívida/PIB volte ao patamar de 34,8% ao fim deste mês. Também para setembro, a projeção do BC para a dívida bruta do governo geral é de 59% do PIB, ante 59,1% em agosto.
Por outro lado, o diretor do BC confirmou que o superávit primário acumulado entre janeiro e agosto deste ano, de R$ 54,013 bilhões, é o pior resultado para o período desde 2010, quando a economia do setor público foi de R$ 48,8 bilhões.
Ainda de acordo com o economista, considerando o acumulado do ano até agosto, a despesa de R$ 163,348 bilhões em juros é a maior da série histórica para o período. "As operações com swaps, o IPCA acumulado no ano e o aumento da base da dívida explicam esse pagamento maior de juros em 2013", argumentou. "Mas certamente em setembro teremos algum ganho devido à variação cambial neste mês", acrescentou.
Segundo Maciel, apenas as operações com swap geraram uma diferença de juros de R$ 4,6 bilhões nos oito primeiros meses de 2013 na comparação com o mesmo período do ano passado. Entre janeiro e agosto deste ano, houve uma perda de R$ 3,9 bilhões nessas operações, ante um ganho de R$ 700 milhões em 2012.