Economia

Diretor da OMC alerta para maior risco de escalada de retaliações

Azevêdo mostrou-se confiante de que os países-membros da OMC comecem a negociar para evitar esse cenário

Aço: "O risco de uma escalada de retaliações comerciais é maior hoje do que era antes" (Mark Renders/Getty Images)

Aço: "O risco de uma escalada de retaliações comerciais é maior hoje do que era antes" (Mark Renders/Getty Images)

AB

Agência Brasil

Publicado em 12 de março de 2018 às 22h18.

O risco de escalada de retaliações comerciais aumentou após a decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de sobretaxar o aço e o alumínio importados pela maior economia do planeta, disse hoje (12) o diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), Roberto Azevêdo. Ele também manifestou preocupação com o risco de paralisação provocado pela não indicação pelo mandatário norte-americano dos juízes que julgam as queixas no organismo internacional.

Apesar do receio de que a decisão de Trump gere uma onda de medidas unilaterais, Azevêdo mostrou-se confiante de que os países-membros da OMC comecem a negociar para evitar esse cenário. "O risco de uma escalada de retaliações comerciais é maior hoje do que era antes, mas acho que todos estão conscientes desse risco. A minha percepção é que o diálogo começa. As partes começam a se falar para evitar ações unilaterais, que não contribuem para a solução e elevam o risco de um efeito dominó."

Para o diretor-geral da OMC, a organização não está enfraquecida e deve ser mais demandada de agora em diante, em um momento de tensão no comércio internacional. Ele, no entanto, disse que é essencial que os países cheguem a uma solução para preencher as vagas no Órgão de Solução de Controvérsias da OMC, formado pelos tribunais que julgam as queixas comerciais. Depois que o governo de Trump vetou a nomeação de novos árbitros, os tribunais da OMC atuam com quatro em vez de sete juízes, o que atrasa o julgamento dos processos.

"Com relação ao órgão de Solução de Controvérsias, a situação é muito delicada e preocupante. O mecanismo não parou. Continuamos atuando, continuamos ouvindo as apelações. Portanto, não houve paralisação do sistema. Mas se essa situação perdurar, o risco de paralisação é grande. Estamos conversando com outros membros para ver se eles encontram soluções que permitam lidar com essa situação de impasse com várias ideias", afirmou Azevêdo. Segundi ele, não há prazo para chegar a uma solução.

Economia brasileira

Azevêdo deu as declarações após reunir-se com o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, no início da noite. O diretor-geral da OMC disse Meirelles e ele discutiram a tarifação do aço pelos Estados Unidos e as perspectivas para a economia brasileira, consideradas positivas pelo diplomata.

"A economia [brasileira] tem respondido bem do ponto de vista de inflação, de inflação baixíssima, taxa de juros caindo. O crescimento sendo retomado de maneira mais vigorosa. Nossas próprias estimativas estão revendo os números do Brasil para cima. A conversa deu ainda mais confiança com as perspectivas da recuperação da economia brasileira", afirmou.

Em relação às medidas do governo brasileiro após a tarifação de 25% sobre o aço e de 10% sobre o alumínio pelos Estados Unidos, Azevêdo disse que a diversidade das mercadorias exportadas pelo Brasil amenizará o impacto da sobretaxa sobre a balança comercial (diferença entre exportações e importações). Ele, no entanto, considerou preocupantes as eventuais consequências sobre o setor siderúrgico brasileiro.

"O Brasil é superavitário do ponto de vista de comércio exterior. O país tem uma pauta de exportação muito diversificada, mas não deixa de ser preocupante sobretudo com uma perspectiva setorial. O governo está examinando a situação, está aberto para conversar, encontrar soluções e não descarta nenhuma alternativa", concluiu Azevêdo.

Acompanhe tudo sobre:acoComércio exteriorEstados Unidos (EUA)OMC – Organização Mundial do Comércio

Mais de Economia

Taxa de desemprego recua em 7 estados no terceiro trimestre, diz IBGE

China e Brasil: Destaques da cooperação econômica que transformam mercados

'Não vamos destruir valor, vamos manter o foco em petróleo e gás', diz presidente da Petrobras

Governo estima R$ 820 milhões de investimentos em energia para áreas isoladas no Norte