Dilma: "É a segunda vez que a crise afeta o mundo e pela segunda vez o Brasil não treme (Antonio Cruz/ABr)
Da Redação
Publicado em 9 de agosto de 2011 às 23h14.
São Paulo - Causou estranheza a declaração do diretor da Polícia Federal, Paulo de Tarso Teixeira, de que a presidente Dilma Rousseff só ficou sabendo da devassa no Ministério dos Turismo quando os policiais já cumpriam os mandados de prisão, na manhã desta terça-feira. É praxe que operações da PF que envolvem integrantes do alto escalão entre os investigados sejam de conhecimento da alta chefia da corporação, a cargo do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo. Este, por sua vez, costuma avisar o presidente do que vem pela frente. A Operação Voucher parece ter fugido à regra. Só parece.
O fato é que Dilma soube na segunda-feira da operação que seria deflagrada hoje. Uma fonte próxima à presidente afirma que ela teve conhecimento sobre as prisões de petistas e peemedebistas. Dilma demonstrou, aliás, preocupação com a prisão do ex-presidente da Embratur, Mário Moyses, que é do PT. A presidente questionou se não haveria possibilidade de reverter da situação. Recebeu um “não” como resposta, já que a ordem judicial já havia sido expedida. Criou-se então um clima de tensão no Palácio do Planalto. Não há notícias de que ela tenha tentado salvar a pele de nenhum peemedebista.
Na manhã desta terça-feira, por volta de 8 horas, Dilma recebeu uma ligação da ministra da Secretaria de Comunicação, Helena Chagas. A ministra tinha a intenção de comunicar a presidente sobre a ação da PF naquela manhã. Dilma, no entanto, já sabia de tudo. Oficialmente, nem o Planalto, nem o Ministério da Justiça confirmam que a presidente recebeu a informação antecipada. O ministro da pasta, José Eduardo Cardozo, confirma apenas, por meio de sua assessoria, que fez ligações de manhã cedo para avisar aos mais próximos sobre a operação.
Ninguém da cúpula do PMDB, maior aliado do governo federal, foi avisado sobre a ação da PF com antecedência. Em reunião com a bancada do partido no Senado, a ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, tentou acalmar os ânimos: negou que Dilma e Cardozo tenham sabido das prisões com antecedência. “Eles ficaram perplexos”, contemporizou Ideli aos aliados.
Os desdobramentos do caso não atingiriam apenas o PMDB, mas também PT. Muitos dos presos, aliás, ocupavam os postos antes da gestão do ministro Pedro Novais. É o caso do secretário-executivo da pasta, Frederico Silva da Costa. Ele foi subordinado da senadora Marta Suplicy (PT), quando ela comandou o Ministério do Turismo no governo anterior. O petista Moyses é ligado à senadora.