Economia

Dilma não quer crescimento menor para combater inflação

"Nós tivemos um baixo crescimento no ano passado, e houve um aumento da inflação, porque teve um choque de oferta devido à crise", disse a presidente


	Dilma Rousseff: "eu acredito o seguinte: esse receituário que quer matar o doente, ao invés de curar a doença, ele é complicado. Eu vou acabar com o crescimento no país? Isso está datado, isso eu acho que é uma política superada", disse a presidente.
 (REUTERS/Ueslei Marcelino)

Dilma Rousseff: "eu acredito o seguinte: esse receituário que quer matar o doente, ao invés de curar a doença, ele é complicado. Eu vou acabar com o crescimento no país? Isso está datado, isso eu acho que é uma política superada", disse a presidente. (REUTERS/Ueslei Marcelino)

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Da Redação

Publicado em 27 de março de 2013 às 17h15.

São Paulo - A presidente Dilma Rousseff afirmou nesta quarta-feira que discorda de políticas para controlar a inflação que visem um crescimento econômico menor, em um momento em que o governo busca impulsionar a atividade econômica e conter a alta de preços.

"Eu não concordo com políticas de combate à inflação que olhem a questão da redução do crescimento econômico. Até porque, nós temos uma contraprova dada pela realidade", disse a presidente a jornalistas em Durban, na África do Sul, onde participa da 5a Cúpula dos Brics.

"Nós tivemos um baixo crescimento no ano passado, e houve um aumento da inflação, porque teve um choque de oferta devido à crise. Um dos fatores era externo", argumentou. "Nós não achamos que há essa relação", acrescentou, referindo-se à inflação sob controle e crescimento baixo.

Para Dilma, o receituário de reduzir o crescimento e os estímulos à economia para combater à inflação é "uma política superada".

"Então, eu acredito o seguinte: esse receituário que quer matar o doente, ao invés de curar a doença, ele é complicado. Eu vou acabar com o crescimento no país? Isso está datado, isso eu acho que é uma política superada."

A presidente argumentou, porém, que o governo está atento para manter a inflação controlada.

"Não achamos que a inflação está fora do controle, pelo contrário achamos que ela está controlada e o que há são alterações e flutuações conjunturais", disse.

Em 2012, a economia brasileira cresceu apenas 0,9 por cento, mas a inflação ficou bem acima do centro da meta do governo, de 4,5 por cento, atingindo 5,84 por cento. E no início deste ano, no acumulado em 12 meses, ela está bem próxima de 6,5 por cento, o teto da meta.

"O Brasil teve que fazer seu ajuste (em 2012). Nós, este ano, estamos na contracorrente... se você for olhar o desempenho das economias vai ver que começou um decréscimo no final de 2012, nós começamos um levantar", disse a presidente após a reunião.

Em outro momento, Dilma explicou que esta retomada "não foi um crescimento espontâneo, mas foi um crescimento fruto do resultado de uma série de medidas de estímulo fiscal, tributário e monetário".

"(O crescimento foi) resultado de uma determinação, da vontade política do governo brasileiro, que olhou para a situação internacional e doméstica e se dispôs a impedir que os efeitos da desaceleração internacional atingissem de forma mais abrupta e crítica a economia brasileira." PRODUTIVIDADE E FINANCIAMENTO Dilma disse que o governo tem trabalhado para vencer entraves do crescimento como a baixa oferta de trabalhadores especializados, a alta carga de impostos sobre a contratação da mão-de-obra e os custos de energia.

"O que vai baixar o custo de trabalho primeiro vai ser o aumento da produtividade através da ampliação da capacitação profissional".

"Segundo, estamos utilizando um método que é muito importante. Todo mundo defendia redução de impostos no Brasil, nós estamos desonerando a folha de pagamento justamente para diminuir a pressão sobre o custo de trabalho", acrescentou.

A presidente disse que já são 42 setores desonerados e chegarão a 44. "Já previmos desoneração para 2015", disse.

Na cúpula dos Brics --formado, além do Brasil, por China, Rússia, Índia e África do Sul--, Dilma defendeu a importância de esses países criarem fontes de financiamento próprias.

"Se faltam oportunidades de investimentos nas economias avançadas, vamos ampliar os nossos próprios investimentos, e se há escassez de financiamento, vamos criar fontes de financiamento de longo prazo", disse.

Dilma iria se reunir nesta quarta-feira com o novo presidente da China, Xi Jinping, e o ponto central da conversa, para ela, seria o interesse brasileiro de que os chineses invistam em infraestrutura no país.

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