Dilma Rousseff durante discurso: "será permanente a desoneração da tributação sobre a folha de pagamento", disse (AFP/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 18 de dezembro de 2013 às 15h27.
Brasília - A presidente Dilma Rousseff anunciou nesta quarta-feira que o governo tornará a desoneração da folha de pagamento uma política permanente de redução do custo do trabalho, e que a área econômica ainda está analisando a meta do superávit primário que será adotada em 2014.
Dilma afirmou que por causa do ambiente de crise financeira internacional, o Brasil adotou uma política econômica anticíclica e medidas de estímulo, que devem ser retiradas em sua maioria, exceto a desoneração da folha de pagamentos.
"Diante da crise, os governos são levados a fazer coisas que não fazem em temos normais, e uma política anticíclica foi praticada no Brasil", disse.
"Tem uma parte dela que vai ser permanente. Por exemplo, será permanente a desoneração da tributação sobre a folha de pagamento", disse durante café da manhã com jornalistas no Palácio do Planalto.
Dilma indicou, porém, que as demais desonerações ou mesmo a política anticíclica podem ser desativadas em breve.
"Nós não temos nenhuma predileção de fazer política anticíclica, eu até discordo. Quanto mais cedo nós sairmos disso melhor para o país... eu acredito que hoje muitas das desonerações feitas pontuais no passado não são necessárias... portanto não vão ser feitas", disse.
Questionada sobre a situação fiscal do país, Dilma não comentou a chamada contabilidade criativa e argumentou que entre as 20 economias mais importantes do mundo, o Brasil é um dos seis países que têm superávit fiscal e continuará tendo.
A presidente, porém, disse que a meta fiscal, assim como outras metas do governo, ainda está sendo avaliada e que no momento o Executivo está fazendo um balanço dos indicadores econômicos deste ano.
"É muito importante que Brasil faça o superávit", disse. "Nós vamos fazer uma avaliação, todo um processo de discussão, para decidir quais serão as metas de 2014", afirmou.
A presidente também disse que o Brasil está preparado para enfrentar a turbulência cambial que deve ocorrer quando os Estados Unidos retirarem parte do estímulo monetário.
"Nós queremos dizer que o Brasil está preparado, porque hoje... nossa dívida líquida sobre PIB é uma das menores do mundo, isso permite que nós tenhamos um fôlego para sair de forma sustentável desse processo, porque a gente tem inflação sob controle e temos nossas reservas e temos um Banco Central capaz de operar para fazer essa transição mais suave possível", disse.
"Estamos preparados para a tormenta", acrescentou.
Avaliação Equivocada
Uma crítica constante do mercado ao governo é o excesso de otimismo da área econômica ao anunciar metas, que muitas vezes não são cumpridas, o que acaba criando um quadro de desconfiança. Dilma, porém, não vê otimismo exagerado em sua gestão.
"É absolutamente imperdoável um governo pessimista", disse Dilma ao ser questionada se o otimismo excessivo não estava levando o governo ao descrédito junto ao mercado.
A própria presidente foi vítima de suas previsões otimistas. Em 2011, no mesmo evento com jornalistas no final de ano, ela previu que a economia brasileira cresceria entre 4,5 por cento e 5 cinco por cento em 2012. O crescimento no ano passado ficou em 1 por cento. Dessa vez, Dilma evitou fazer previsões.
Naquele ano, aliás, ela admitiu que o governo errou sua avaliação sobre os desdobramentos da crise financeira mundial.
"Nós vínhamos de 2010 (quando a economia cresceu 7,5 por cento), ninguém estava esperando que a crise fosse se aprofundar. Não foi só nós que nos equivocamos, acho que todas as previsões daquele momento se equivocaram", argumentou Dilma.
Petrobras
A presidente não quis comentar sobre o reajuste dos combustíveis aplicado pela Petrobras no mês passado, mas sobre a fórmula proposta pela estatal para que os aumentos nos preços fossem concedidos automaticamente, Dilma fez questão de se posicionar.
"Eu quero avisar para vocês que, de fato, eu sou contra indexação", disse em referência à fórmula, que reajustaria os preços com base nos preços internacionais de petróleo.
"A indexação talvez seja a memória mais forte do processo inflacionário crônico que nós vivemos, ao longo dos anos 80 e 90. Indexação é algo extremamente perigoso. Então, indexar a economia brasileira ao câmbio ou qualquer outra variável externa é uma temeridade", argumentou Dilma.