Economia

Dilma faz prestação de contas e pede compromisso

Para Dilma Rousseff, numa crítica ao governo de Fernando Henrique Cardoso, no passado, o Estado brasileiro voltava as costas para a indústria nacional


	Dilma: ela priorizou as negociações coletivas nas discussões trabalhistas e a inovação
 (José Cruz/Agência Brasil)

Dilma: ela priorizou as negociações coletivas nas discussões trabalhistas e a inovação (José Cruz/Agência Brasil)

DR

Da Redação

Publicado em 30 de julho de 2014 às 17h20.

Brasília - A presidente Dilma Rousseff fez nesta quarta-feira, 30, uma "prestação de contas" de todas as ações tomadas no seu governo para impulsionar o setor industrial, durante a sabatina com os principais candidatos à Presidência da República na Confederação Nacional da Indústria (CNI).

Dilma destilou uma série de ações e dados e, em tom levemente provocativo, questionou os presentes como estaria a economia se o governo não tivesse tomado as decisões após a crise econômica mundial de 2008: "Como seria se não tivéssemos adotado as medidas anticíclicas? Em que situação estaria a nossa indústria?"

Na fala, a candidata à reeleição afirmou que a desoneração da folha de pagamento para 56 setores produtivos, a mudança na tributação de bens de capital, a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) do automóvel e da linha branca e a mudança no Simples Nacional são a "verdadeira reforma tributária" - iniciativa que os antecessores dela na sabatina, Eduardo Campos (PSB) e Aécio Neves (PSDB), disseram que vão realizar logo no início do futuro mandato, caso eleitos.

"Trata-se de uma verdadeira reforma tributária para esse seguimento empresarial majoritário no País", afirmou.

A candidata do PT também citou a necessidade de se priorizar as negociações coletivas nas discussões trabalhistas e a inovação - também dois aspectos exaltados como demandas a serem adotadas por Campos e Aécio.

Para Dilma Rousseff, numa crítica ao governo de Fernando Henrique Cardoso, no passado, o Estado brasileiro voltava as costas para a indústria nacional.

Num discurso que buscou o apoio e um voto de confiança do empresariado, a candidata do PT disse que a "pior coisa" para uma pessoa que está no governo é quando, em especial na atividade econômica, se fica "pessimista".

Sinalizando o que pode propor nos próximos quatro anos, a presidente ressaltou que assume o compromisso de que se pode "fazer mais" pela indústria brasileira. Disse que dará prioridade a uma agenda de reforma tributária "abrangente".

"Iremos perseguir, mesmo quando a conjuntura não for a mais favorável", disse.

Citou que é preciso simplificar e desburocratizar os processos, assim como é necessário acabar com a cumulatividade dos tributos.

Citou que é necessário simplificar o regime do PIS/Cofins. Mostrou ter feito a sua parte na reforma tributária que encaminhou ao Congresso no ano passado, mas só avançou em um único ponto (a resolução 13, que acabou com a chamada guerra dos portos).

"Está no Congresso a proposta de reforma do ICMS, que é urgente", afirmou.

"Nessa questão não adianta prometer. Tem que dar os votos (para ser aprovada)", completou.

Perto de encerrar a sua fala, Dilma pediu mais tempo para a jornalista Christina Lemos, que está conduzindo a sabatina.

"Eu tenho que dizer o que fiz, não só o que vou fazer", disse, para risos. "Eu fiz e sou capaz de fazer", completou, recebendo palmas.

A presidente afirmou que não se fará reforma trabalhista se não for feito diálogo próximo entre empresários, trabalhadores e Congresso.

"Não há condições políticas sem a gente partir dessa premissa, tem de ter processo negocial, tem de ter um objetivo: atualizar marco regulatório para as condições do século XXI", disse Dilma.

Ela afirmou que a principal proposição tem de ser a negociação coletiva e disse que a judicialização, em qualquer área, é muito perigosa e eleva os custos.

Dilma afirmou que há conquistas que são difíceis de se rasgar, como o 13º salário e as horas extras. Ela completou dizendo que o governo federal não é contrário à terceirização, mas defende que isso seja feito sem precarizar o trabalho.

Dilma voltou a defender o diálogo e afirmou que parcerias não implicam em que os parceiros tenham posições iguais, mas sim em que haja diálogo.

"Em tudo o que fizemos de parceria, fomos exitosos", afirmou, em relação às parcerias com a CNI. A presidente se comprometeu ainda a analisar as 42 propostas encaminhadas pela indústria.

Acompanhe tudo sobre:Dilma Rousseffeconomia-brasileiraGoverno DilmaPersonalidadesPolítica no BrasilPolíticosPolíticos brasileirosPT – Partido dos Trabalhadores

Mais de Economia

Escala 6x1: favorito para presidência da Câmara defende 'ouvir os dois lados'

Alckmin diz que fim da jornada de trabalho 6x1 não é discutida no governo, mas é tendência mundial

Dia dos Solteiros ultrapassa R$ 1 trilhão em vendas na China

No BNDES, mais captação de recursos de China e Europa — e menos insegurança quanto à volta de Trump