Economia

Dilma diz que crise não é por falta de dinheiro

Para a presidente, a crise internacional vem da incapacidade de tomar decisões necessárias

Para Dilma, uma das formas de enfrentamento da crise foi a decisão tomada pela Cúpula do Mercosul, de incluir mais 100 itens na cesta de produtos com tarifas especiais (Antonio Cruz/Abr)

Para Dilma, uma das formas de enfrentamento da crise foi a decisão tomada pela Cúpula do Mercosul, de incluir mais 100 itens na cesta de produtos com tarifas especiais (Antonio Cruz/Abr)

DR

Da Redação

Publicado em 21 de dezembro de 2011 às 13h26.

Brasília - A presidente Dilma Rousseff disse hoje (21) que a crise econômica mundial, que atinge principalmente países da Europa e os Estados Unidos, não vem de falta de dinheiro, mas da incapacidade de tomar decisões necessárias. "Eu acredito que [a crise] não deriva, de jeito nenhum, de falta de dinheiro. Todos eles [os países] têm dinheiro. Mas deriva de decisões políticas que nós não vemos serem tomadas em definitivo", acrescentou.

Para Dilma, uma das formas de enfrentamento da crise foi a decisão tomada ontem (20), na Cúpula do Mercosul, de incluir mais 100 itens na cesta de produtos com tarifas especiais. "No caso do Mercosul, nós tivemos uma grande conquista, aumentando em mais 100 produtos a lista de tarifa especial do bloco. Isso significa que o Brasil pode tributar nos níveis da Organização Mundial do Comércio (OMC) 100 produtos", disse a presidente.

Ela acredita que a medida poderá combater práticas protecionistas adotadas por outros países. "Essa medida pode impedir os efeitos mais perversos dessa crise, que vêm sendo uma prática sistemática de competição, muito pouco leal, por meio de dumping, do uso da guerra cambial, da desvalorização artifical de moedas, para tomar o nosso mercado ou para tomar qualquer mercado do mundo", avaliou a presidente, que voltou também a criticar a relação entre governistas e oposicionistas nos Estados Unidos.

Dilma lembrou o episódio de votação do aumento do teto da dívida norte-americana, ocorrida em agosto deste ano, como exemplo de briga entre a oposição e o governo que acabou adiando a decisão necessária. Ela citou esse episódio para dizer aos governadores e prefeitos presente à cerimônia de assinatura de obras no Palácio do Planalto que no Brasil tem sido diferente.


"Eu acho que o Brasil, nessa questão da relação republicana, está na vanguarda. Nós não vemos aqui práticas como aquelas desenvolvidas em alguns países, inclusive em alguns países que têm a liderança internacional, em que a oposição e a situação não olham o interesse da nação, mas se cria uma briga política sem fim", disse a presidente que responsabilizou mais a oposição norte-americana pelo episódio. "Eu acredito muito menos no caso dos Estados Unidos, [que o impasse ocorrreu] por conta de uma falha dos democratas e mais por uma visão de oposição muito destrutiva dos republicanos", disse Dilma.

Esta não é a primeira vez que a presidente critica a política norte-americana e cita o exemplo da votação do teto. Na sexta-feira (16), em um café da manhã com jornalistas, ela citou o mesmo exemplo. Hoje, ela comparou o episódio a um "tiro no próprio pé".

"Nós vimos perplexos aquela questão do teto da dívida. Perplexos porque era como se nós, por exemplo, déssemos um tiro no próprio pé. No dia seguinte, eles foram rebaixados. Agora, emitem moeda e isso não tem grande importância de punição.

Para a presidente, a relação do governo com os opositores tem um caráter republicano. "Eu acredito muito nessa parceria que nós desenvolvemos no Brasil e que mostra maturidade. Primeiro, ela é uma parceria republicana. Nós aqui não estamos perguntando o partido de ninguém, a posição política de ninguém. Nós estamos interessados, e isso é uma conquista do país, na população dos diferentes municípios e dos diferentes estados, porque seus representantes foram eleitos legitimamente", disse Dilma a dezenas de prefeitos e governadores que participaram da cerimônia de contratação das obras de saneamento do Programa de Aceleração do Crescimento 2 (PAC 2) em municípios com até 50 mil habitantes.

A contratação prevê a realização de 1.114 obras de abastecimento de água e esgotamento sanitário em 1.116 municípios com até 50 mil habitantes, de todas as regiões do país. Para a realização dessas ações serão investidos R$ 3,7 bilhões: R$ 2,6 bilhões do Orçamento Geral da União, não onerosos para os municípios, e R$ 1,1 bilhão de financiamento público federal.

Ao todo, o projeto de obras de saneamento básico do PAC 2 investirá R$ 45,1 bilhões no país, de 2011 a 2014, de acordo com o Ministério do Planejamento. Desse montante, serão destinados cerca de R$ 5 bilhões para as obras em municípios com até 50 mil habitantes, sendo R$ 4 bilhões do Orçamento Geral da União e R$ 1 bilhão de financiamento público federal.

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