Economia

Diferença de renda está piorando em cidades dos EUA

A lacuna entre "super-ricos e classe média" em reduto da tecnologia aumentou em US$ 118.000 para US$ 529.500 nos últimos cinco anos

São Francisco: região metropolitana da cidade americana ficou em 12º lugar no índice do ano passado que comparava hiato entre famílias (ChrisMajors/Divulgação)

São Francisco: região metropolitana da cidade americana ficou em 12º lugar no índice do ano passado que comparava hiato entre famílias (ChrisMajors/Divulgação)

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Da Redação

Publicado em 23 de março de 2019 às 07h59.

Última atualização em 23 de março de 2019 às 07h59.

O abismo entre as pessoas de maior renda e a classe média nos EUA está se aprofundando em quase todas as grandes regiões metropolitanas, e São Francisco lidera o caminho.

A lacuna entre "super-ricos e classe média" nesse reduto da tecnologia aumentou em US$ 118.000 para US$ 529.500 nos últimos cinco anos, sendo que os 5 por cento das famílias de maior renda receberam US$ 632.310 em 2017, em comparação com US$ 102.785 para a classe média, segundo uma análise feita pela Bloomberg dos dados do Censo dos EUA.

A região metropolitana de São Francisco ficou em 12º lugar no índice do ano passado que comparava o hiato entre as famílias nos 5 por cento de maior renda e aquelas no grupo intermediário de 20 por cento, o terceiro quintil.

Entre outras cidades com uma crescente diferença de renda estão Boise City, Idaho; Knoxville, Tennessee; San Jose, Califórnia e Honolulu, Havaí.

A diferença entre os mais ricos e a classe média aumentou em todas as 100 maiores regiões metropolitanas dos EUA medidas, exceto em uma. A diferença em Jackson, Mississippi, diminuiu em quase US$ 25.000 devido a uma queda na renda média anual entre os 5 por cento dos lares mais ricos.

Ricos ficam mais ricos

Desde 1973, o 1 por cento mais rico em todos os estados captou uma parcela maior da produção econômica, segundo Mark Price, economista do trabalho do Keystone Research Center, na Pensilvânia. A partir da década de 1970, a política pública favoreceu a desregulamentação da indústria e desencorajou a sindicalização, na expectativa de que o crescimento acelerasse e de que todos os grupos se beneficiassem, de acordo com Price.

"A realidade é que a economia não teve um desempenho melhor do que na era anterior, quando a densidade sindical era maior, o salário mínimo era relativamente alto e crescente, e quando mais indústrias eram reguladas pelo setor público", disse Price. "O crescimento que observamos foi distribuído de um modo extremamente desigual, e isso pode ser visto em todos os estados."

 

Culpa das empresas de tecnologia

São Francisco e San Jose, sedes de empresas de tecnologia e finanças, como Twitter, Cisco Systems e Wells Fargo, atraem pessoas com alto nível de escolaridade em busca de empregos com salários e bônus altos - e, segundo estudos, isso pode encarecer o aluguel, a alimentação e outros custos de vida. Ao mesmo tempo, muitas empresas e serviços de pequeno porte não correspondem a esses níveis salariais, o que resulta no aumento das desigualdades dentro das regiões metropolitanas.

As cidades enfrentam dificuldades porque as empresas de tecnologia são uma faca de dois gumes, que geram prosperidade e desigualdade, disse Daryl Fairweather, economista-chefe da corretora de valores Redfin, em uma projeção anual do mercado. "As empresas de tecnologia e os governos locais continuarão em conflito", disse ele.

Em São Francisco e San José, a renda da classe média cresceu seis pontos percentuais mais rápido que o grupo de maior renda, mas o quadro é mais desalentador em Boise City - onde a renda do grupo de maior renda cresceu quase 50 por cento de 2012 a 2017, ultrapassando amplamente o ritmo experimentado por aqueles no meio. Boise também se beneficiou menos da migração internacional, com apenas um único migrante internacional para cada 14 nacionais, a menor proporção entre as grandes regiões metropolitanas.

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