Economia

Diesel da Petrobras sobe 8% na 1ª alta do ano; preço da gasolina é mantido

Ainda assim, o diesel da petroleira estatal acumula queda de cerca de 40% neste ano

Diesel: presidente da Abicom afirmou que aguardava reajustes mais altos pela Petrobras (Rodolfo Buhrer/Reuters)

Diesel: presidente da Abicom afirmou que aguardava reajustes mais altos pela Petrobras (Rodolfo Buhrer/Reuters)

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Reuters

Publicado em 18 de maio de 2020 às 14h15.

A Petrobras elevará o preço médio do óleo diesel nas refinarias em 8% a partir de terça-feira, na primeira alta aplicada ao combustível fóssil pela petroleira neste ano, na esteira de uma recuperação recente dos preços internacionais do petróleo, apontou a empresa nesta segunda-feira.

Ainda assim, o diesel da petroleira estatal --responsável por quase 100% da capacidade de refino do país-- acumula queda de cerca de 40% neste ano, impactado por uma diminuição dos preços do petróleo e de seus derivados diante da propagação do novo coronavírus, que reduziu a demanda global.

A última elevação do diesel, o combustível mais consumido no país, havia ocorrido em 21 de dezembro, quando foi elevado em 3%.

Os preços do petróleo Brent acumulam aumento de cerca de 40% neste mês, reagindo a cortes de produção e a um relaxamento de medidas de isolamento social tomadas em função da pandemia nos Estados Unidos e em alguns países da Europa.

Nesta segunda-feira, o Brent operava em alta de cerca de 9%, a 35,32 dólares por barril.

Em contrapartida, a Petrobras decidiu manter o valor da gasolina nas refinarias, após já ter realizado duas elevações neste mês. A queda acumulada da gasolina da Petrobras neste ano também está por volta de 40%.

O repasse dos reajustes nas refinarias até os consumidores finais, nos postos, não é imediato e depende de uma série de questões, como margem da distribuição e revenda, impostos e adição obrigatória de biodiesel.

Defasagens

Apesar dos recentes reajustes, o mercado aponta um atraso da Petrobras para repassar as altas internacionais.

A estatal tem uma política de preços que busca seguir valores de paridade de importação, que leva em conta preços no mercado internacional mais os custos de importadores, como transporte e taxas portuárias, com impacto também do câmbio. No entanto, tem evitado repassar volatilidade ao mercado interno.

"O aumento (do diesel) ainda é insuficiente para fazer frente à alta que a gente teve no mercado internacional, considerando a forte alta que estamos tendo no preço do diesel agora no mercado internacional a gente já está mais de 20 centavos defasado. Ou seja, a Petrobras tem embrionada uma alta de mais de 20 centavos ainda no diesel", disse o chefe da área de óleo e gás da consultoria INTL FCStone, Thadeu Silva.

"A gasolina segue ainda bem defasada, a gente está entre 15 e 20 centavos de reajuste também atrasado... ela vem atrasando bastante os reajustes."

O presidente da Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), Sérgio Araújo, também afirmou que aguardava reajustes mais altos pela Petrobras.

"No diesel, as defasagens variavam de 0,20 real/litro a 0,14 real/litro, considerando os fechamentos da última sexta-feira (16/05). Assim, esperávamos um reajuste maior do que o anunciado. Como hoje o mercado está subindo, as defasagens continuarão elevadas", afirmou.

"Esperávamos, também, o anuncio de alteração nos preços da gasolina, pois as defasagens no fechamento da última sexta-feira variavam de 0,30 real/litro a 0,21 real/litro. Existe uma oportunidade para voltar ao equilíbrio com os preços do etanol, sem criar impostos ou medidas protecionistas. Este é o mercado."

O recuo dos preços da gasolina neste ano reduziu a competitividade do etanol hidratado, seu concorrente nas bombas. Recentemente, o presidente Jair Bolsonaro barrou um pedido do segmento sucroenergético para um aumento da Cide no combustível fóssil.

A Petrobras tem reiterado que seus preços de venda de gasolina e diesel às distribuidoras têm como referência o preço de paridade de importação, que não é um valor absoluto, único e percebido da mesma maneira por todos os agentes.

Além disso, a estatal também tem frisado que as compras externas de combustíveis por concorrentes permanecem, o que evidencia a viabilidade econômica das importações por outros agentes de mercado.

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