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Da Redação
Publicado em 23 de junho de 2010 às 13h29.
Rio de Janeiro - A despesa média dos brasileiros que pertencem aos 10% das famílias com maiores rendimentos supera em 9,6 vezes o dos que pertencem aos 40% das famílias mais pobres, reporta um estudo divulgado hoje pelo Governo.
A pesquisa confirma a posição do país como um dos mais desiguais do mundo. Enquanto a despesa média per capita dos mais ricos chega a R$ 2.844,56 mensais, a dos mais pobres se limita a R$ 296,35 mensais, segundo o estudo sobre os orçamentos familiares realizado pelo IBGE com dados de 2008-2009.
Os números quase não mudaram nos últimos anos, como indica um estudo similar realizado em 2002-2003. Na época a diferença entre a despesa média dos 10% mais ricos e dos 40% mais pobres era de 10,1 vezes.
A pesquisa foi realizada pelo IBGE com 60 mil domicílios urbanos e rurais entre maio de 2008 e maio de 2009. As famílias foram consultadas sobre suas despesas com moradia, alimentação, transporte, saúde, educação, impostos, consumo, dívidas, entre outros.
O estudo mostrou que a despesa das famílias que vivem nas cidades supera em 10,3 vezes a das famílias que vivem em áreas rurais.
Na região nordeste, a mais pobre do país, a diferença entre as despesas entre ricos e pobres chega a ser de 11,3 vezes, número que cai para 6,9 vezes entre as famílias do sul do país.
Já a despesa mensal média dos brasileiros com 11 anos ou mais de estudos supera em 207% as de que têm menos de um ano de estudo. Diferença, no entanto, que era de 400% na pesquisa 2002-2003.
As despesas dos lares em que o chefe da família é branco superam em 89% a das famílias em que o chefe é negro, e em 79% a das lideradas por mulatos.
De acordo com o IBGE, 68,4% das famílias mais pobres tinham no passado despesas superiores a sua renda mensal. Essa percentagem era de 85,3% no período 2002-2003, o que reflete o aumento da renda dos brasileiros nos últimos anos.
Enquanto a despesa média mensal de uma família é de R$ 2.626,31, o rendimento médio mensal é de R$ 2.763,47.
Com relação ao caráter das despesas, o estudo mostrou que enquanto os alimentos representavam 33,9% dos gastos de uma família em 1974-1975, essa percentagem caiu para 20,9% em 2002-2003 e para 19,8% em 2008-2009.
Por outro lado, o peso das despesas com moradia subiu de 30,4% para 35,5% e para 35,9%, respectivamente, no mesmo período.
Segundo o IBGE, uma família média destina 92,1% de seu orçamento às necessidades correntes e apenas 5,8% ao aumento dos ativos (como compra e reforma de imóveis) e 2,1% com o pagamento de dívidas.