Economia

Despesa de retomada tem que se dar em período de crise, diz Meirelles

Secretário da Fazenda de SP defende austeridade fiscal rígida depois da crise

Meirelles: apesar ou por causa da crise, secretário acredita que exista uma grande quantidade de recursos na área externa para serem aplicados (Marcello Casal Jr/Agência Brasil)

Meirelles: apesar ou por causa da crise, secretário acredita que exista uma grande quantidade de recursos na área externa para serem aplicados (Marcello Casal Jr/Agência Brasil)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 23 de abril de 2020 às 11h49.

Última atualização em 23 de abril de 2020 às 11h57.

O secretário da Fazenda de São Paulo, Henrique Meirelles, avaliou na manhã desta quinta-feira (23) que despesas "de retomada" da atividade econômica têm que se dar em período de crise e saída da crise. Depois, é preciso retomar austeridade fiscal rígida, defendeu, em entrevista à Globonews.

A discussão, segundo ele, não é só o quanto se vai gastar. Na visão de Meirelles, é importante a segregação no tempo. "A despesa de retomada tem que se dar nesse período de crise e de saída da crise, proteção das empresas, do emprego e retomada do crescimento. Depois nós temos que voltar à austeridade fiscal rígida, porque se não teremos problemas".

Ao comentar a atuação da atual equipe econômica, afirmou que "é normal que a área econômica fique preocupada em dar um certo limite para os gastos". "Por outro lado, é normal que o Executivo tente fazer o que for necessário para a retomada da atividade", disse, ao ser questionado se há espaço para gastos em infraestrutura.

A ala militar do governo federal lançou, ontem, programa de recuperação econômica pós-covid-19, que prevê aumento dos gastos com investimentos públicos para os próximos anos. A equipe econômica defende que a recuperação do impacto da pandemia no novo coronavírus terá que vir pela mão do setor privado.

"A equipe econômica está na direção certa, de aumentar os gastos públicos, o Banco Central, de aumentar a emissão monetária, através inicialmente de compras de títulos do Tesouro, etc", afirmou Meirelles. "E também se for aprovado pelo Congresso, compra de portfólio de crédito diretamente, no mercado ou nos bancos", emendou.

Segundo ele, é muito importante um cuidado "especial" com a execução. O sucesso de um plano, de acordo com o secretário, é 50% estratégia e 50%, resultado da execução. "Temos que executar bem, o dinheiro tem que chegar na ponta, na empresa".

"Evidentemente que há esta controvérsia, aparentemente, dentro do governo entre área econômica e outras áreas, e que não estou lá, sabendo das informações, sabendo qual o debate interno, estou informado pelo que leio na imprensa, então, é normal que a área econômica fique preocupada em dar um certo limite para os gastos, por outro lado, é normal que o Executivo tente fazer o que for necessário para a retomada da atividade".

Meirelles lembrou a atuação do banco Desenvolve SP, com atuação na área de crédito para micro ou pequenas empresas, não cobertas pelo sistema financeiro, e cobrou que o BNDES repasse à instituição os recursos a que tem direito, pela sua prioridade, já que o Estado não tem fonte própria de captação. "O banco Desenvolve SP não pode captar no mercado como instituições públicas federais, por exemplo", disse.

Ele destacou que, apesar da crise ou por causa dela, existe grande quantidade de recursos na área externa, como fundos soberanos, para serem aplicados. E a dificuldade deles é achar projetos em andamento que posam ser rentáveis, nos quais possam aplicar. Segundo Meirelles, São Paulo, em seguida à abertura gradual, retomará processo de concessões e atração do setor privado. Assim, recursos privados apoiariam a retomada.

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