Washington - A Grande Recessão foi "uma arma de destruição em massa do patrimônio familiar" nos Estados Unidos e acelerou a desigualdade econômica e social, o que diminui a expectativa de vida entre os mais pobres, segundo um novo estudo, publicado nesta quinta-feira.
Na recessão, que começou em dezembro de 2007 e terminou em julho de 2009, "todos perderam patrimônio, tanto os ricos como a classe média e os pobres", disse à Agência Efe Fabian Pfeffer, do instituto de Pesquisa Social na Universidade de Michigan.
"As pessoas no topo da pirâmide econômica perderam enormes quantidades de capital mas, em relação ao patrimônio familiar e a receita, a classe média e os pobres perderam muito mais", acrescentou o autor da pesquisa.
A família média americana, segundo Pfeffer, já vinha perdendo renda desde o começo da década de 2000 e o que ocorreu com a geração da bolha imobiliária foi uma aparente revalorização dos bens imobiliários que ocultaram aquela perda.
"Quando o mercado imobiliário desabou, tudo veio abaixo", acrescentou.
No período anterior à Grande Recessão, as famílias que estavam na faixa média da distribuição de riqueza aumentaram seu valor líquido (a soma de todos os ativos menos as dívidas) de US$ 88 mil em 2003 a US$ 99 mil em 2007, segundo o estudo.
Mas o aumento da riqueza entre as famílias acima dessa faixa média foram substancialmente maiores.
A renda líquida das famílias no percentil 75 cresceu mais de US$ 65 mil, por exemplo, e as do percentil 95 aumentou em mais de US$ 436 mil.
Após a Grande Recessão, a riqueza diminuiu em todos os níveis da distribuição. Mas para 2013 a riqueza entre as famílias no percentil 95 ou superior continuava sendo ainda mais alta do que em 2003.
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1. Desigualdade verde
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1/25 (Reprodução Google Earth)
São Paulo - A imagem que abre esta galeria de fotos mostra o bairro com o metro quadrado mais caro da cidade de
Salvador, de um lado, e o bairro com um dos
preços mais baixos da capital baiana, de outro. O detalhe que chama mais atenção, porém, não é o tamanho dos terrenos, das
casas ou até mesmo a qualidade da construção destas, como seria de se esperar. É a abundância de árvores no primeiro caso – e a ausência delas, no segundo – que salta aos olhos de quem se aventura a conhecer, lá de cima, as cidades brasileiras pelo
Google Earth. A observação não é aleatória:
números do IBGE mostram que as árvores funcionam como um bom termômetro da prosperidade de uma região. Apenas 58,5% dos lares com
renda inferior a um quarto do salário mínimo tem algum nivel de arborização nas proximidades. Esse índice aumenta para 78,5% se a renda ultrapassar dois
salários. Essa realidade não é exclusividade brasileira. Uma
pesquisa norte-americana, de 2008, encontrou o mesmo fenômeno nos
Estados Unidos. Há alguns anos, EXAME.com fez este mesmo passeio de visão aérea com cinco
cidades brasileiras. Agora, expande o exercício para 15 grandes e médios municípios, enfatizando em cada um deles os contrastes de dois bairros cujos preços estejam entre os mais caros e os mais baratos. As comparações não foram feitas necessariamente com as áreas mais "ricas" e mais "pobres" de cada lugar, bastando haver uma distância razoável no preço do m² dos
imóveis. Os valores usados foram retirados da mais completa pesquisa do
mercado imobiliário, realizada pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), publicada com exclusividade na
última edição da revista EXAME.
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2. Rio de Janeiro
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2/25 (Reprodução Google Earth)
Região ou bairro: Leblon Onde: próximo à orla Preço do m²: R$ 19,5 a 21,5 mil
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3. Rio de Janeiro
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3/25 (Reprodução Google Earth/Reprodução)
Região ou bairro: Favela do Jacarezinho Onde: ao lado do bairro Benfica Preço do m²: dado indisponível (em Benfica, custa entre R$ 2,2 e 3,5 mil)
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4. São Paulo
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4/25 (Reprodução Google Earth)
Região ou bairro: Vila Nova Conceição Onde: próximo ao Parque Ibirapuera Preço do m²: R$ 12 a 13,6 mil
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5. São Paulo
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5/25 (Reprodução Google Earth)
Região ou bairro: Itaquera Onde: próximo à Estação Artur Alvim Preço do m²: R$ 3,4 a 4,2 mil
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6. Curitiba
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6/25 (Reprodução Google Earth)
Região ou bairro: Batel Onde: próximo ao Hospital Geral de Curitiba e à Avenida do Batel Preço do m²: R$ 5,8 a 6,6 mil
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7. Curitiba
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7/25 (Reprodução Google Earth)
Região ou bairro: Cidade Industrial Onde: próximo à Avenida Juscelino Kubitscheck de Oliveira, na altura da Rua Ruy Fonseca Itiberê da Cunha Preço do m²: R$ 2,9 a 3,4 mil
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8. Belo Horizonte
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8/25 (Reprodução Google Earth)
Região ou bairro: Belvedere Onde: próximo à Avenida Paulo Camilo Pena e José Maria Alkimin Preço do m²: R$ 7,5 a 8,1 mil
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9. Distrito Federal (Brasília)
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9/25 (Reprodução Google Earth)
Região ou bairro: Asa Sul Onde: na quadra 207 Sul Preço do m²: R$ 9,7 a 10,8 mil
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10. Distrito Federal
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10/25 (Reprodução Google Earth)
Região ou bairro: Samambaia Onde: mostrando as quadras 410 e 412, entre outras Preço do m²: R$ 3,8 a 4,3 mil
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11. Salvador
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11/25 (Reprodução Google Earth)
Região ou bairro: Horto Florestal Onde: mostrando um dos sentidos da Avenida Juracy Magalhães Júnior Preço do m²: R$ 6,2 a 6,5 mil
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12. Salvador
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12/25 (Reprodução Google Earth)
Região ou bairro: Mata Escura Onde: mostrando a rua Direita do Campo Preço do m²: R$ 1,5 a 2,2 mil
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13. Porto Alegre
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13/25 (Reprodução Google Earth)
Região ou bairro: Navegantes Onde: nas proximidades da estação Farrapos, da Trensurb Preço do m²: R$ 2,3 a 3 mil
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14. Campinas
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14/25 (Reprodução Google Earth)
Região ou bairro: Recanto do Sol Onde: entre a Avenida Ruy Rodrigues e o Rio Capivari Preço do m²: R$ 1,2 a 2,5 mil
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15. Florianópolis
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15/25 (Reprodução Google Earth)
Região ou bairro: Estreito Onde: mostrando o Estádio Orlando Scarpelli Preço do m²: R$ 3,5 a 4 mil
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16. Goiânia
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16/25 (Reprodução Google Earth)
Região ou bairro: Setor Marista Onde: próximo à Avenida Ricardo Paranhos Preço do m²: R$ 4,3 a 5,2 mil
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17. Goiânia
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17/25 (Reprodução Google Earth)
Região ou bairro: Jardim Nova Esperança Onde: próximo à Avenida Perimetral Norte Preço do m²: R$ 1,5 a 1,9 mil
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18. Fortaleza
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18/25 (Reprodução Google Earth)
Região ou bairro: Meireles Onde: mostrando Avenida Barão de Studart, próximo à orla Preço do m²: R$ 6 a 6,2 mil
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19. Fortaleza
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19/25 (Reprodução Google Earth)
Região ou bairro: Montese Onde: a algumas quadras de distância do Aeroporto Pinto Martins Preço do m²: R$ 2,9 a 3,2 mil
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20. Recife
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20/25 (Reprodução Google Earth)
Região ou bairro: Pina Onde: na orla, mostrando a Avenida Boa Viagem e a Rua Tomé Gibson Preço do m²: R$ 6,3 a 6,4 mil
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21. Recife
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21/25 (Reprodução Google Earth)
Região ou bairro: Areias Onde: próximo à estação Werneck do metrô Preço do m²: R$ 2,8 a 3,1 mil (imóveis novos)
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22. Vitória
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22/25 (Reprodução Google Earth)
Região ou bairro: Barro Vermelho Onde: entre o Rio Santa Maria e a Avenida Nossa Senhora da Penha Preço do m²: R$ 5,3 a 5,9 mil
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23. Vitória
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23/25 (Reprodução Google Earth)
Região ou bairro: Centro Onde: mostrando a rua Sete de Setembro Preço do m²: R$ 1,6 a 1,7 mil
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24. Ribeirão Preto
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24/25 (Reprodução Google Earth)
Região ou bairro: Planalto Verde Onde: entre as avenidas Virgílio Soeira e Renê Oliva Strang Preço do m²: R$ 2 a 2,6 mil
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25. Agora, veja as cidades do país onde a desigualdade de renda é menor
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25/25 (Paulo L. Franzen / Wikimedia Commons)
Mas em todos os níveis inferiores da distribuição de riqueza o valor líquido ficou mais baixo do que era em 2003.
De fato, segundo os pesquisadores, em 2013 o valor líquido da família americana típica era 20% inferior do que em meados dos anos 80, e o valor líquido no percentil 25 caiu em mais de 60%.
Um estudo dirigido por Christopher Murray, da Universidade de Washington, que incluiu a análise mais completa da situação de saúde nos Estados Unidos em quinze anos, descobriu que a expectativa de vida subiu de 75,2 anos em 1990 para 78,2 anos em 2010.
Apesar destes números, entre os 34 países da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico, os Estados Unidos passaram da 18º para a 27º colocação em relação à expectativa de vida, porque entre outros países a elevação foi bastante superior.
Além da média nacional, existe a realidade da distribuição geográfica da receita e do patrimônio, e o estudo mostrou que a expectativa de vida varia enormemente entre os condados mais pobres e os mais ricos do país.
"Há lugares como Mississipi e Virgínia Ocidental em que a expectativa de vida está na metade dos 60 anos para os homens e menos de 75 anos para as mulheres", explicou Murray. "São números comparáveis com vários dos países mais pobres".
O estudo mostrou que pessoas que vivem em áreas mais ricas, como San Francisco, Colorado e os os bairros no norte e leste de Washington, DC, tem uma boa saúde comparável aos moradores de Suíça ou Japão.
Mas as condições de saúde dos que vivem nos Apalaches ou nas zonas rurais do Sul são comparáveis às dos moradores de Argélia ou Bangladesh.
"A economia americana experimentou uma crescente desigualdade de receita e patrimônio por várias décadas e há poucos indícios de que mudança nestas tendências em curto prazo", disse Pfeffer.