Economia

Desemprego se mantém em níveis mais altos na zona do euro

Nos 17 países da zona do euro, o desemprego se manteve estável em 11,7% em dezembro de 2012, ou seja, 18,715 milhões de pessoas estavam sem trabalho nesse mês no bloco

Protesto em defesa dos trabalhadores de uma fábrica da Ford em Genk prestes a perder o emprego, em novembro de 2012. (AFP/ / Nicolas Maeterlinck)

Protesto em defesa dos trabalhadores de uma fábrica da Ford em Genk prestes a perder o emprego, em novembro de 2012. (AFP/ / Nicolas Maeterlinck)

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Da Redação

Publicado em 1 de fevereiro de 2013 às 19h11.

Bruxelas - O desemprego na zona do euro se manteve estável em dezembro em relação ao mês anterior (11,7%), mas aumentou significativamente em um ano e continua sendo, segundo os analistas, um dos claros sintomas de que a crise está longe de ter sido superada.

Nos 17 países da zona do euro, o desemprego se manteve estável em 11,7% em dezembro de 2012, ou seja, 18,715 milhões de pessoas estavam sem trabalho nesse mês no bloco, informou nesta sexta-feira o escritório de estatísticas Eurostat.

Contudo, a taxa aumentou significativamente em um ano, segundo a Eurostat, já que, no final de 2011, ela estava em 10,7%.

Os dados são catastróficos em particular para os mais jovens, os com menos de 25 anos. Vinte e quatro por cento 24% deles estavam sem trabalho em dezembro do ano passado.

Mais uma vez eles mostram os grandes desequilíbrios entre os países do norte e do sul da Europa: enquanto na Áustria o desemprego foi de 4,3%, na Alemanha e Luxemburgo de 5,3% (em ambos os casos), na Espanha foi de 26,1%.

Na Espanha, apesar do desemprego ter tido uma leve queda em relação a novembro, quando registrou 26,2%, a situação do mercado de trabalho é trágica.


Em 2012, 850.500 postos de trabalho foram suprimidos nesse país, quarta economia da união monetária. A situação piora a cada ano desde 2008, com o estouro da bolha imobiliária, até então o principal motor de crescimento do país.

Diante dessa situação tão grave e dolorosa, em que aumentam mês a mês os lares em que nenhum membro ativo está trabalhando, os dirigentes europeus se comprometeram a por em prática planos para criar emprego, mas, no momento não há nada concreto.

Na Grécia, o desemprego foi de 26,8%, mas as cifras nesse país são de outubro, segundo a Eurostat.

Entre os mais jovens, a taxa mais elevada foi registrada na Espanha (55,6%). Os dados neste caso também não são tão bons para os países do norte ou os qualificados com o triplo "A" pelas agências de classificação financeira.

Na Alemanha, 8% da população ativa, menor de 25 anos, estava sem trabalho em dezembro. Na Áustria, 8,5% e na Holanda, 10%.

Ainda assim há dados alentadores. Nesta sexta-feira, foi divulgado que a inflação na zona do euro alcançou a meta de 2% do Banco Central Europeu (BCE) em janeiro, ao cair 0,2 ponto em relação a dezembro, informou a Eurostat.


Este dado de inflação é o mais baixo registrado desde novembro de 2010.

Apesar do desemprego ter se mantido estável e a inflação ter caído, "é muito cedo para pensar que a situação foi revertida", considerou Christian Schulz, de Berenberg.

"Há muitos indicadores que projetam que a zona do euro poderia sair da recessão na primavera de 2013, mas, para que o mercado de trabalho se recupere, será necessária muita paciência", acrescentou.

"Apesar de os dados indicarem melhorias na atividade econômica, as empresas que analisam a evolução do emprego dão poucos sinais de melhoria; ao contrário, sugerem que a situação poderia piorar", segundo uma análise da Capital Economics.

Há um tempo existe um sentimento de que o pior da crise ficou para trás e ninguém fala mais do fim do euro ou da eventual saída de um país do bloco. Sobretudo após a reunião de junho do ano passado, em que os líderes europeus se comprometeram em avançar em uma união bancária para a zona do euro, com um supervisor único europeu, e o anúncio do BCE, em setembro, de que estava disposto a comprar títulos da dívida dos países mais ameaçados nos mercados secundários.


Contudo, não se pode cantar vitória, alerta Jean Pissany-Ferry, do centro de Reflexão Bruegel, que lembrou que todos os países do sul enfrentam a possibilidade de viver uma "década perdida".

Entre várias zonas de perigo, o especialista alerta que muitos países do norte "continuam interpretando a crise como um fracasso de alguns países em cumprir certas regras, especialmente a regulação fiscal da União Europeia".

Mais ainda, "os países do norte acreditam que a austeridade é a mãe de todas as reformas", disse.

Nesse contexto, ao tentar cumprir as medidas de austeridade rigorosas exigidas por Bruxelas, os países do sul muitas vezes ficam de mãos atadas para recuperar os empregos.

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