Economia

Desemprego nos EUA cai para 10,2%, mas retomada é lenta

Taxa chegou a quase 15% em abril e vem caindo desde então, embora longe dos 3,5% antes da pandemia, enquanto conomia sofre com segunda onda da covid-19

Placa de anúncio de vagas na Flórida (Marco Bello/File Photo/Reuters)

Placa de anúncio de vagas na Flórida (Marco Bello/File Photo/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 7 de agosto de 2020 às 09h53.

Última atualização em 7 de agosto de 2020 às 17h07.

A criação de vagas de trabalho nos Estados Unidos desacelerou em julho em meio ao ressurgimento das infecções de covid-19, o que fornece a evidência mais clara de que a recuperação econômica da recessão causada pela pandemia está vacilando.

Foram criadas 1,763 milhão de vagas de trabalho em julho, cerca de um quarto das 4,791 milhões de vagas em junho. Os dados foram informados pelo Departamento do Trabalho dos EUA nesta sexta-feira.

Apesar do menor ritmo de criação de vagas, a taxa de desemprego americana caiu para 10,2% ante os 11,1% em junho. Antes de começar a cair nos últimos meses, a taxa de desemprego chegou a ficar em 14,7% em abril e 13,3% em maio, um recorde negativo.

Ainda assim, os valores estão longe do pré-pandemia: os EUA vinham em baixa histórica no desemprego nos últimos anos, com a taxa ficando na casa dos 3% antes da crise.

"A força desapareceu dos motores e a economia está começando a desacelerar", disse à Reuters Sung Won Sohn, professor de finanças e economia da Loyola Marymount University em Los Angeles. "A perda de força continuará e minha preocupação é que a combinação do ressurgimento do vírus e a falta de ação pelo Congresso pode realmente levar o emprego a território negativo."

Nesta semana, outros dados sobre o desemprego nos EUA já apontaram rumo parecido: o desemprego está melhor do que no começo da pandemia, em abril, mas ainda longe da recuperação, com os empregos ameaçados pela nova onda de coronavírus.

O número de pessoas pedindo auxílio-desemprego voltou a cair na semana encerrada em 1º de agosto, segundo dados divulgados nesta quinta-feira, 9. O total de pedidos foi de 1,186 milhão na semana -- após ter chegado a mais de 6 milhões na mesma semana nos piores momentos da crise, no fim de março.

Impasse sobre o auxílio do governo

Os dados sobre o mercado de trabalho aumentam a pressão sobre a Casa Branca e o Congresso para acelerarem as negociações de um segundo pacote de auxílios. Um suplemento do auxílio-desemprego de 600 dólares semanais venceu na sexta-feira passada e o Congresso e o governo ainda não chegaram a um consenso sobre um novo auxílio.

A proposta do governo do presidente Donald Trump e do Tesouro americano é que o novo pacote seja de ao menos de 1 trilhão de dólares, o que resultaria em um pagamento pontual, mas não semanal como o auxílio anterior. O Partido Democrata pede que o valor seja maior.

A economia americana, que entrou em recessão em fevereiro, sofreu seu maior golpe desde a Grande Depressão no segundo trimestre, com o Produto Interno Bruto caindo o ritmo mais forte em ao menos 73 anos.

Casos de coronavírus nos EUA

Novos casos diários de coronavírus nos EUA:

Novos casos diários de coronavírus nos EUA, segundo compilado da Johns Hopkins University com base em dados oficiais: alta no último mês de julho (Johns Hopkins/Reprodução)

A alta em casos de coronavírus nos EUA tem levado alguns estados a fecharem novamente o comércio e desacelerando a retomada de outros setores da economia, podendo continuar afetando a criação de vagas de emprego no restante do ano.

Os EUA chegaram a 4,9 milhões de casos de coronavírus, segundo dados desta quinta-feira, 9. Os americanos têm o maior número de casos de coronavírus no mundo, seguido pelo Brasil, que tem 2,9 milhões de casos. Os EUA também lideram em número de mortes, com 160.000 vítimas da covid-19, ante 98.000 do Brasil.

O país vem registrando mais de 30.000 novos casos por dia com a alta de contágio em países do Sul e da costa Oeste.

Grupos da indústria chegaram a dizer que o benefício suplementar de 600 dólares a desempregados nos EUA estava encorajando os trabalhadores em licença e desempregados a não voltarem a trabalhar. Por isso, alguns economistas esperam que as reivindicações de seguro desemprego caiam ainda mais nas próximas semanas.

Outros economistas, no entanto, esperam que os pedidos permaneçam elevados devido à demanda fraca e ao término do programa de proteção aos salários do governo, que concedia empréstimos a empresas que poderiam ser parcialmente perdoados se usados para pagamento de funcionários.

(Com Reuters)

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