Economia

Desemprego maior em junho preocupa governo, dizem fontes

Alta fez soar ainda mais alto o alarme dentro do governo com preocupações sobre o futuro da economia neste segundo semestre


	Desemprego: mercado de trabalho é considerado por assessores da presidente como o "fio de esperança do governo" num cenário de indicadores econômicos cada vez mais deteriorados
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Desemprego: mercado de trabalho é considerado por assessores da presidente como o "fio de esperança do governo" num cenário de indicadores econômicos cada vez mais deteriorados (.)

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Da Redação

Publicado em 24 de julho de 2013 às 22h08.

São Paulo - A surpreendente alta do desemprego no Brasil em junho fez soar ainda mais alto o alarme dentro do governo da presidente Dilma Rousseff, que já vem sofrendo com a baixa confiança da população e dos empresários, com preocupações sobre o futuro da economia neste segundo semestre.

Já há avaliações, tanto dentro da equipe econômica quanto no Palácio do Planalto, que a atividade pode perder força no terceiro trimestre --o oposto da visão que prevalecia há poucos meses.

"Acho que pode ser um sinal (de piora da economia no terceiro trimestre), mas é difícil concluir olhando só esse comportamento na margem. Mas é mais um sinal", afirmou à Reuters um importante integrante da equipe econômica, sob condição de anonimato, acrescentando que este terceiro trimestre pode ter desempenho pior do que os dois primeiros.

A fonte referia-se à divulgação nesta quarta-feira da taxa de desemprego de 6 por cento no mês passado que, apesar de baixa se comparada com outros momentos, marcou o sexto mês seguido sem ceder, ao mesmo tempo em que o rendimento da população caiu pela quarta vez seguida.

O mercado de trabalho é considerado por assessores da presidente Dilma como o "fio de esperança do governo" num cenário de indicadores econômicos cada vez mais deteriorados, e o resultado de agora causou preocupação.

Segundo uma fonte do Executivo, que também pediu anonimato, o aumento do desemprego era esperado, mas preocupa à medida que pode se tornar uma tendência, já que essa "era a bóia de salvação" ou "fio de esperança" de Dilma, num momento em que o governo passa por forte instabilidade política e está pressionado por indicadores de inflação e crescimento econômico ruins.


A fonte disse desconhecer novas medidas para estímulos ao mercado de trabalho e argumentou que, apesar do crescimento do desemprego, o atual nível ainda é baixo, especialmente considerando-se o cenário internacional. "Mas não vamos ver níveis de geração de emprego como o que ocorreu em 2010, quando a economia estava superaquecida", afirmou.

Na véspera, o governo já havia tido uma indicação de que o mercado de trabalho continuava dando sinais de cansaço, com a divulgação de que o país havia fechado o semestre passado com a menor geração de empregos formais desde 2009, auge da crise internacional, segundo dados do Ministério do Trabalho.

Na terça-feira, uma outra fonte do governo havia afirmado à Reuters que o desemprego era uma "preocupação real do governo" e que esperava por uma piora da situação apenas no último trimestre deste ano.

Para o cientista político da FGV Cláudio Couto, se o desemprego continuar mostrando resistência, pode haver problemas para o governo nas eleições de 2014.

"O problema é se continuar a trajetória (de alta) ao longo dos próximos meses, se chegar nas eleições nesse quadro, num patamar mais elevado de 9 por cento", afirmou ele, acrescentando que, como há muitas notícias ruins para o governo acontecendo ao mesmo tempo, há um cenário de perda das expectativas.


"O cenário para o governo é muito ruim neste momento e há fortes motivos para acreditar que vai piorar", afirmou. "Mas não colocaria todas minhas fichas nessa aposta."

Aliados

Entre os aliados no Congresso, terreno onde a presidente também enfrenta fortes dificuldades, a notícia sobre o desemprego causou preocupação, apesar de considerarem que o nível atual ainda não atinge em cheio a popularidade do governo.

"O ideal era ficarmos em 4 por cento", disse o líder do PT no Senado, Wellington Dias (PT-PI), para quem a taxa de desemprego no país não deve ceder e ficar entre 6 e 6,5 por cento.

Um dos temores do governo é que o desemprego cresça não só na indústria por causa da atividade econômica mais fraca, mas também na construção civil, setor em que muitas obras para a Copa do Mundo de 2014 serão concluídas até o final do ano.

"Mas outras obras serão iniciadas nos projetos de infraestrutura, como aeroportos e portos", argumentou Dias. Essa realmente é uma das apostas do governo para o segundo semestre, e não só pelo emprego.

O líder do governo no Senado, Eduardo Braga (PMDB-AM), disse que a alta do desemprego é um dado preocupante. "Mas comparado ao que está acontecendo no restante do mundo ainda é um desemprego baixo", argumentou.

Para o presidente do DEM, senador José Agripino (RN), as medidas adotadas pelo governo para incentivar o mercado de trabalho, como a desoneração de impostos sobre a folha de pagamento, não "se mostraram eficazes".

"Lamentavelmente, o governo está emparedado. Estamos chegando numa situação de entrar no processo de ladeira abaixo", disse.

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