Economia

Desemprego elevado mantém varejo conservador na Páscoa este ano

O Walmart, por exemplo, está apostando em produtos de menor valor agregado como chocolates para a Páscoa, em vez dos tradicionais ovos

Páscoa: "Não se pode esperar uma Páscoa fantástica (em termos de vendas)", vê o professor e coordenador do Centro de Excelência em Varejo da FGV-EAESP (José Cruz/Agência Brasil)

Páscoa: "Não se pode esperar uma Páscoa fantástica (em termos de vendas)", vê o professor e coordenador do Centro de Excelência em Varejo da FGV-EAESP (José Cruz/Agência Brasil)

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Reuters

Publicado em 29 de março de 2017 às 17h46.

São Paulo - O desemprego elevado no Brasil sustenta uma atitude conservadora de consumidores e varejistas para o comércio relacionado à Páscoa deste ano, tradicionalmente uma das principais datas para o varejo nacional, em especial os supermercados, avaliam especialistas do setor.

"Não se pode esperar uma Páscoa fantástica (em termos de vendas)", vê o professor e coordenador do Centro de Excelência em Varejo da FGV-EAESP, Maurício Morgado, ressaltando que o principal vetor do comércio é o desemprego, que segue alto.

"Houve retomada na confiança, mas não do emprego, nem da renda, então a pessoa pode até ter a vontade, mas na hora do 'vamos ver' ela vai fazer a conta", acrescentou Morgado.

O Walmart Brasil, por exemplo, está apostando em produtos de menor valor agregado em itens como chocolates para a Páscoa, em vez dos tradicionais ovos.

A rede afirmou que espera um crescimento de dois dígitos nas vendas de tabletes ante igual período do ano anterior.

A atitude da gigante varejista norte-americana no país acompanha os números de pesquisa da associação brasileira de supermercados, Abras, que mostrou alta nas encomendas de produtos como as caixas de bombons de 400 gramas e chocolates em geral (barra, tablete), mas queda em pedidos de ovos de Páscoa.

A taxa de desemprego no Brasil subiu a 12,6 por cento no trimestre encerrado em janeiro, com quase 13 milhões de pessoas sem emprego no país, segundo dados mais recentes divulgados pelo IBGE.

"Vai ser melhor que 2016, mas com pé no chão", disse o assessor econômico da FecomercioSP, Guilherme Dietze, citando que o cenário macroeconômico está melhor do que no período que antecedeu a Páscoa no ano passado, com inflação e juros em baixa.

Em 2016, o feriado da Páscoa caiu em março, mês em que as vendas reais do setor supermercadista do país tiveram alta de 4,16 por cento sobre um ano antes.

Segundo Dietze, um recuperação firme do mercado de trabalho é essencial para que o varejo retome os níveis de vendas pré-crise, como os verificados em 2013 e 2014. E isso não deve ocorrer no curto prazo, prevê.

Nesse contexto, a Abras espera queda de 7,7 por cento nas vendas de produtos relacionados à Páscoa neste ano sobre um ano antes, no pior resultado esperado para a época desde 2011, afirmou o superintendente da entidade, Marcio Milan.

"As pessoas não vão deixar de comemorar, elas sempre dão um jeito...mas não imagino que exista abundância de compras", disse Morgado, da FGV.

O presidente da Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC), Eduardo Terra, avalia, contudo, que uma eventual fraqueza no varejo na Páscoa pode ser recuperada mais à frente, em datas como o Dia das Mães.

"A partir de maio devemos ter uma melhora na economia e o início de uma recuperação de vendas no varejo", calcula.

Ele, contudo, não acredita que os supermercados precisarão dar mais descontos.

"O que ocorreu este ano foi uma mudança no perfil de oferta e de produtos. Ano passado todos perderam (indústria e varejo), por isso, para este ano houve uma revisão geral para que todos possam obter um melhor desempenho."

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