Economia

Desemprego deve começar a mostrar primeiros sinais da crise do coronavírus

Indicador do IBGE já deve trazer redução da demanda global e de investimentos

Desemprego: temor é por um cenário como o dos EUA, onde coronavírus deixou mais de 3 milhões de desempregados na mesma semana, um recorde (Amanda Perobelli/Reuters)

Desemprego: temor é por um cenário como o dos EUA, onde coronavírus deixou mais de 3 milhões de desempregados na mesma semana, um recorde (Amanda Perobelli/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 31 de março de 2020 às 06h30.

Última atualização em 1 de abril de 2020 às 01h33.

A taxa de desemprego de fevereiro, que será divulgada nesta terça-feira, 31, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), deve trazer os primeiros sinais da crise do coronavírus no mercado de trabalho brasileiro. O número faz parte da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio Contínua (PnadC).

Em fevereiro, a pandemia ainda não havia atingido o comércio no Brasil, mas a redução da demanda global, sobretudo a chinesa, por insumos e as incertezas quanto ao futuro já influenciavam decisões de investimentos. Foi em fevereiro também que o primeiro caso no Brasil foi registrado, no dia 25. O país já tem 159 mortes e 4.579 infectados confirmados.

As projeções do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV) indicam uma taxa de 11,9% em fevereiro, pouco acima dos 11,2 de janeiro. No ano, a taxa esperada é de 13% ante os 11,9% registrados em 2019.

As medidas de isolamento social no país têm inviabilizado também a coleta de informações feita na produção da Pnad e do IPCA, que mede a inflação oficial. Apesar de o IBGE ter anunciado que vai fazer as entrevistas por telefone, especialistas acreditam na possibilidade de haver mudanças significativas no resultado final.

A Secretaria Especial de Previdência e Trabalho, do Ministério da Economia, também tem tido dificuldade na coleta de informações para o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). A pasta avisou ontem que não foi possível consolidar os dados do mercado formal referentes aos dois primeiros meses do ano em função da falta de prestação das informações sobre admissões e demissões por parte das empresas. “O cenário de pandemia causada pela Covid-19 tem dificultado a autorregularização de parte das empresas”, informou por meio de nota.

Economistas do governo e do setor privado acreditam que o contágio no país deve atingir seu pico entre abril e maio e que a atividade deve começar a se recuperar em junho. Ainda é cedo para entender, porém, como o mercado de trabalho var reagir depois que o país retomar a normalidade, já que maior parte dos empregos depende da confiança de empresários e investidores numa retomada.

Uma projeção da GO Associados, feita a pedido da EXAME, na semana passada, mostra que, no auge da crise, em maio, o desemprego pode chegar a 15,5%. Isso significa 16,5 milhões de desempregados, quase 5 milhões a mais do que atualmente.

Esse cenário não leva em consideração as medidas anunciadas pelo governo para evitar que as empresas anunciem demissões em massa na crise. O plano vai desde flexibilizações pontuais das regras trabalhistas até o adiantamento de parte do seguro-desemprego de trabalhadores com jornada e renda reduzidas.

A ideia do governo também era fornecer 300 reais mensais a trabalhadores informais e autônomos durante três meses. O Congresso passou na frente e aprovou ontem um auxílio mensal de 600 reais e estendeu o direito a trabalhadores intermitentes que estão com o vínculo inativo, ou seja, não estão atuando no momento. A proposta de renda mínima para os informais deve beneficiar cerca de 30 milhões de brasileiros.

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