Agência estatal de empregos em Madri: segundo o INE, desemprego caiu no segundo trimestre, pela primeira vez em dois anos, mas continua com uma taxa alta de 26,26% (AFP)
Da Redação
Publicado em 2 de outubro de 2013 às 16h11.
Madrid - O governo espanhol afirma vislumbrar uma luz no fim do túnel com o fim da recessão, mas economistas, analistas e sindicatos lembram os milhões de desempregados e os "nem-nem", os jovens sem estudo e sem trabalho.
Após uma temporada turística que impulsionou os contratos, o número de pessoas inscritas nos escritórios de desemprego voltou a aumentar em setembro a 4,72 milhões, anunciou nesta quarta-feira o Ministério do Emprego.
Uma cifra, paradoxalmente qualificada como boa notícia pelo Ministério, que destaca que esta alta de 25.572 desempregados é a menor para o mês de setembro desde 2007.
Para o ministro da Fazenda, Cristóbal Montoro, a conclusão é simples: "a deterioração do mercado de trabalho está chegando ao fim" e "a Espanha, em 2014, está em condições de crescer e de criar empregos" após a saída da recessão, esperada para o terceiro trimestre deste ano.
"O dado é positivo quanto ao mercado de trabalho", admite Rafael Pampillón, economista da IE Business School, "mas ainda, que se possa dar trabalho a seis milhões de desempregados, é complicado", afirma, em relação à cifra publicada pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).
Segundo o INE, que contabiliza as pessoas que buscam ativamente um emprego, o desemprego caiu no segundo trimestre, pela primeira vez em dois anos, mas continua com uma taxa alta de 26,26% (5,98 milhões de desempregados).
Javier Velázquez, professor de economia da Universidade Complutense de Madri, é mais pessimista: "cai o desemprego, mas isso não quer dizer que aumente o emprego", já que a população ativa também está caindo.
Velázquez explica isso pelos "imigrantes que estão retornando a seus locais de origem", muitos deles a América do Sul.
Também "pode haver pessoas de outra categoria, as que já não são apontados nem sequer na lista de desemprego porque acreditam (procurá-lo) que é uma perda de tempo".
Os menores de 25 anos são os mais afetados pelo desemprego e a proporção de "nem-nem" (os que nem estudam nem trabalham) aumentou 7% desde o começo da crise, segundo a OCDE.
A organização alertou que "os jovens desta categoria são particularmente vulneráveis, arriscando a ver sua futura carreira muito marcada por um período prolongado de desemprego ou inatividade".
Os dados de setembro são um bom exemplo: os que buscam seu primeiro emprego são os mais numerosos (+3,1%) e os desempregados de menos de 25 anos aumentaram a 7%.
Já os sindicatos acreditam que "a precariedade do trabalho está devorando o emprego que se cria de tal forma que a contratação indeterminada está em torno de 7%" do total, denunciou o secretário geral do UGT, Cándido Méndez.
Nos nove primeiros meses do ano, o número de contratos indefinidos e em tempo integral caíram 24% na comparação anual.
O governo afirma que o desemprego cairá a 25,9% em 2014, mas é "uma projeção um pouco otimista da evolução do mercado de trabalho", considera Jesús Castillo, especialista em sul da Europa da Natixis, para quem "o nível de crescimento previsto (0,7% em 2014, ndlr) parece insuficiente".
A Natixis prevê um desemprego de 26,5% em 2014, a Comissão Europeia, 26,4%, o FMI, 27% e a OCDE, 28%.
"Em teoria, até que cresçamos acima de 2%, não seriam criados empregos", disse Velázquez. Ele acrescentou que mesmo que a taxa desemprego caísse oito ou dez pontos, ainda assim, continuaria muito elevada, a 16%.