Economia

Desembolsos do BNDES desaceleram no 1º quadrimestre

No período, foram liberados R$ 58,852 bilhões, alta de 8,2% em relação ao início de 2013, sem descontar a inflação


	Luciano Coutinho, presidente do BNDES: banco ainda não estimou os desembolsos para este ano
 (Victor J. Blue/Bloomberg)

Luciano Coutinho, presidente do BNDES: banco ainda não estimou os desembolsos para este ano (Victor J. Blue/Bloomberg)

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Da Redação

Publicado em 29 de maio de 2014 às 21h10.

Rio - Os desembolsos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) caíram em março e abril, na comparação com iguais meses do ano passado, provocando forte desaceleração no acumulado de janeiro a abril.

No período, foram liberados R$ 58,852 bilhões, alta de 8,2% em relação ao início de 2013, sem descontar a inflação, anunciou nesta quinta-feira, 29, o BNDES. Nos primeiros quatro meses do ano passado, o aumento foi de 59,3%.

Descontada a inflação, o crescimento deste ano foi de apenas 2%.

A puxada no freio já era esperada. Diante das desconfianças do mercado em relação à política fiscal, o governo veio sinalizando, desde setembro, com uma moderação nos desembolsos do BNDES, para reduzir os aportes do Tesouro.

A injeção de mais R$ 30 bilhões foi confirmada ontem, com a conversão em lei da Medida Provisória 633, aprovada no Senado. O aporte fora incluído por emenda, já na tramitação do projeto de conversão.

O valor é inferior ao do ano passado (R$ 39 bilhões) e de 2012 (R$ 45 bilhões). De 2009 ao ano passado, o Tesouro injetou R$ 324,2 bilhões no BNDES.

"Aos poucos poderemos diminuir o volume desse tipo de repasse e fazer com que o crescimento das despesas de investimento tenha fonte que não recursos do BNDES", afirmou o secretário do Tesouro Nacional, Arno Augustin, em Brasília.

Para o economista Maurício Canêdo Pinheiro, do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV), as contas públicas explicam a moderação.

"O BNDES tem que reduzir o ritmo porque não há espaço fiscal", disse Canêdo, que descontou a inflação dos valores anunciados hoje.

Sem poder receber tantos aportes para financiar seus empréstimos, o BNDES começou a se preparar. Em fevereiro, a instituição anunciou ajustes de taxas e prazos para dar prioridade a algumas áreas, como infraestrutura e bens de capital.

Assim, os empréstimos do BNDES para o setor de infraestrutura deverão seguir em alta, mesmo com a redução no valor total.

"A área de infraestrutura deverá assumir um portfólio maior", afirmou o diretor de Infraestrutura e Insumos Básicos do BNDES, Roberto Zurli, em seminário no Rio.

Antes de os dados de janeiro a abril serem divulgados pela instituição de fomento, Zurli estimou em 15% o crescimento nos desembolsos da área operacional dirigida por ele, que inclui projetos de energia elétrica e logística - mas não telecomunicações, saneamento e transporte público.

Nos valores liberados até abril, os projetos de infraestrutura como um todo foram destaque, com R$ 21,6 bilhões, avanço nominal de 48% sobre igual período do ano passado.

Contudo, esses valores ainda não são influenciados pela mudança de prioridades, disse o superintendente da Área de Planejamento do BNDES, Cláudio Leal: "Trata-se da maturação de grandes projetos aprovados".

O setor de comércio e serviços desembolsou R$ 16,441 bilhões no primeiro quadrimestre, alta de 27%. Houve recuo, porém, nos projetos da agropecuária (R$ 5,177 bilhões, 22% menos) e da indústria (R$ 15,6 bilhões, 22,5% a menos).

Segundo Leal, a queda da indústria não tem a ver com a atividade morna nas fábricas, mas sim com a descontinuidade do programa PSI Pré-embarque, para comércio exterior.

A linha foi renovada neste mês e, por isso, liberou apenas R$ 300 milhões de janeiro a abril - ano passado, foram R$ 4,6 bilhões em igual período. Como a indústria é a principal cliente do programa, desembolsou menos.

Mesmo com o aporte de R$ 30 bilhões, o BNDES ainda não faz uma estimativa de desembolsos para este ano.

O presidente do banco de fomento, Luciano Coutinho, já disse que a redução nos valores pode ser inferior à estimada inicialmente. "A redução não vai ser na magnitude que se falava", disse Leal.

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