Economia

Desconexão entre bancos deve ser prejudicial na Copa

A brecha entre os bancos brasileiros e seus colegas globais quanto à referência da conectividade financeira deve dificultar a vida dos torcedores


	Caixa eletrônico: a falta de conexões em rede reduz a maioria dos caixas no Brasil à sua função mais básica: dispensar dinheiro do banco cujo nome está gravado na máquina
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Caixa eletrônico: a falta de conexões em rede reduz a maioria dos caixas no Brasil à sua função mais básica: dispensar dinheiro do banco cujo nome está gravado na máquina (INFO)

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Da Redação

Publicado em 12 de maio de 2014 às 14h50.

São Paulo e Rio de Janeiro - Quem visitar o Brasil durante a Copa do Mundo e precisar de um pouco de dinheiro pode acabar indo a um caixa eletrônico – e depois a outro e a mais outro.

Isso pode ocorrer porque o sistema bancário do Brasil, que tem mais caixas do que qualquer outro país no mundo, vai de encontro às práticas das economias mais avançadas do mundo ao não conectar os caixas eletrônicos a uma rede que possibilite transações sem travas.

As dificuldades que aguardam os torcedores que irão ao campeonato, que começa em 12 de junho, são mais do que uma inconveniência.

Elas oferecem uma visão da brecha entre os bancos brasileiros e seus colegas globais quanto à referência da conectividade financeira, um legado de decisões tomadas há décadas por instituições locais no intuito de se diferenciarem ao oferecer seus próprios serviços de caixas eletrônicos.

“O Brasil é muito peculiar no fato de não possuir uma rede compartilhada”, disse Mike Urban, diretor de gestão de portfólios na vendedora de dados financeiros Fiserv, com sede em Brookfield, Wisconsin.

Os turistas estrangeiros que irão à Copa do Mundo no Brasil “ficarão frustrados se forem aos caixas e esperarem que todos funcionem”.

A falta de conexões em rede reduz a maioria dos caixas no Brasil à sua função mais básica: dispensar dinheiro do banco cujo nome está gravado na máquina.

É provável que turistas dos EUA ou da Europa, acostumados a acessar fundos em todo o sistema bancário internacional, fiquem decepcionados e irritados.

Basta perguntar a Mike Tevebaugh, gerente de tecnologia da informação da CapTech Consulting Inc. de 29 anos, que mora em Denver.

Quando ele e dois amigos visitaram o Rio de Janeiro em março para o Carnaval, vaguearam pelo aeroporto durante 30 minutos para achar um caixa compatível, depois de conferir cinco máquinas e tentar com três cartões bancários diferentes.

Experiência estressante

“Foi uma experiência estressante para algo que normalmente é bastante automático”, disse Tevebaugh.

Nada disso é um mistério para os brasileiros, acostumados a ver múltiplos caixas independentes guarnecendo shoppings e outros espaços públicos.

Embora a conectividade interbancária tenha sido uma característica dos caixas nos EUA quando eles se popularizaram na década de 1970 – e atualmente seja a norma internacional –, os bancos brasileiros não adotaram essas conexões porque desde o início preferiram que cada banco funcionasse do seu jeito.

Os brasileiros são historicamente menos móveis do que os americanos, pois não abandonam o lar para ir à faculdade e é menos provável que se estabeleçam em outras cidades a trabalho. Isso negou a necessidade de expandir o acesso aos caixas eletrônicos.

O uso de serviços bancários formais também é relativamente novo para os 42 milhões de brasileiros que chegaram à classe média nos últimos dez anos.

Não é fácil encontrar estimativas de quantos dos 160.000 caixas no Brasil distribuirão a moeda brasileira, o real, sob pedido de um turista americano.

Consultados sobre o acesso dos estrangeiros, os banqueiros e o governo dizem que o sistema de caixas está atrelado a redes interbancárias como a Cirrus da MasterCard e a Visa Plus – desde que os bancos estrangeiros se assegurem de que seus cartões de débito sejam compatíveis localmente.

Responsabilidade do banco

“É responsabilidade do banco do exterior se afiliar a redes internacionais e orientar seus clientes a respeito”, disse por e-mail o Banco do Brasil.

Outro impedimento para o uso de caixas no Brasil é uma diferença nas proteções contra fraude incorporadas nos cartões bancários. Como na Europa, a informação de identificação dos cartões bancários brasileiros normalmente está contida nos chamados chips inteligentes, que são mais seguros do que as faixas magnéticas comuns nos EUA.

E mesmo com a codificação sofisticada, o roubo de dados de cartões é generalizado, mais uma razão para não tentar usar os cartões.

“Talvez seja razoável fazer o câmbio nos EUA antes de ir para não ter que procurar pelo caixa certo”, disse Urban. “Certamente, essa é uma opção”.

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