Economia

Depois de robusto crescimento econômico dos EUA, Trump promete ainda mais

No 2º trimestre, PIB americano cresceu 4,1%, maior taxa entre as economias desenvolvidas. Percentual é o maior para um trimestre desde o último de 2014

Donald Trump: "Talvez uma das grandes vitórias do informe, e certamente é grande, é que o déficit comercial (...) baixou mais de 50 bilhões de dólares" (Leah Millis/Reuters)

Donald Trump: "Talvez uma das grandes vitórias do informe, e certamente é grande, é que o déficit comercial (...) baixou mais de 50 bilhões de dólares" (Leah Millis/Reuters)

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AFP

Publicado em 27 de julho de 2018 às 19h48.

Os Estados Unidos anunciaram nesta sexta-feira (27) seu maior crescimento trimestral em quatro anos, para a alegria do presidente Donald Trump, que se vangloriou deste "milagre econômico" e prometeu uma maior expansão da primeira economia mundial.

No segundo trimestre do ano, o PIB americano cresceu 4,1%, e essa taxa é a maior de todas as economias desenvolvidas. Sujeito a duas revisões, o percentual é o maior para um trimestre desde o último de 2014.

"Estamos a caminho de alcançar a maior taxa de crescimento anual em 13 anos", disse Trump na Casa Branca. "Por onde se olhe, veem-se os efeitos do milagre econômico americano", afirmou.

A aceleração do segundo trimestre é em boa parte resultado dos estímulos econômicos e dos cortes de impostos instaurados em dezembro.

No entanto, economistas destacaram que poderia ser um resultado passageiro, atribuído a diversos fatores temporários, inclusive à excepcional recuperação comercial após o confronto de Trump com a China.

O resultado robusto fez com que o crescimento anual ficasse acima dos 3%, superando, assim, a meta da Casa Branca, e em um ritmo mais veloz do que o dos últimos anos.

Trump disse que os Estados Unidos despertam "a inveja econômica do mundo" e acrescentou: "vamos subir mais".

Entre abril e junho, o gasto dos consumidores teve sua maior alta em quatro anos, graças a que os americanos compraram mais carros e gastaram mais em saúde, habitação, restaurantes e hotéis, segundo boletim do Departamento de Comércio.

As compras de bens aumentaram 5,9%, estimuladas pelas vendas de carros, enquanto o setor de serviços cresceu 3,1%.

Mas o resultado também tem outro motor que se mostra incomum: as exportações subiram 13,3%, graças a maiores vendas de óleo e grãos de soja, que agora enfrentam tarifas alfandegárias da China.

Analistas dizem que este aumento é consequência dos estoques formados por importadores chineses antes que Pequim aplicasse em julho taxas em represália às dos Estados Unidos. Consequentemente, consideram previsível que estas exportações caiam no terceiro trimestre, influenciando o crescimento do PIB.

Intensificação da guerra comercial?

Mas Trump enfatizou a rápida queda do déficit comercial como outro êxito atribuível às suas duras práticas comerciais.

"Talvez uma das grandes vitórias do informe, e certamente é grande, é que o déficit comercial (...) baixou mais de 50 bilhões de dólares", disse o presidente.

O informe mostrou que as importações cresceram apenas 0,5%, o menor percentual em dois anos e meio.

Também contribuiu o aumento de 1,4% nas despesas do governo federal e dos estados.

O resultado esteve abaixo de alguns prognósticos de crescimento, de 5% ou mais, e dos quais Trump fez alarde em suas aparições públicas em todo o país.

A Casa Branca conta com um ritmo de crescimento mais acelerado para compensar, desta forma, a receita menor ao erário, gerada pela redução de impostos de empresas e pessoas físicas.

No entanto, a receita já está caindo, o que gera um aumento no déficit fiscal em um momento em que o custo dos créditos encarece, devido ao aumento das taxas de juros.

Diane Swonk, economista da Grant Thornton, considerou que o crescimento provavelmente alcançará a meta dos 3% e advertiu que a brusca queda dos inventários tenderá a se recompor no segundo semestre do ano.

"A pergunta é quanto as empresas querem armazenar com a ameaça de uma guerra comercial?", escreveu em nota a seus clientes.

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