Economia

"Denegrir" carne local favorece concorrência, dizem produtores

Segundo as Associações, as condutas envolvidas no escândalo "representam uma fração mínima da produção nacional e devem ser repudiadas e combatidas"

Carne: a PF foi criticada pela forma como foram divulgadas as informações sobre a operação "Carne Fraca" (Joe Raedle/Staff)

Carne: a PF foi criticada pela forma como foram divulgadas as informações sobre a operação "Carne Fraca" (Joe Raedle/Staff)

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AFP

Publicado em 20 de março de 2017 às 14h49.

As principais associações pecuárias brasileiras, atingidas pelo escândalo da carne estragada, advertiram nesta segunda-feira que "denegrir" a qualidade de seus produtos é uma atitude "irresponsável" e que só favorecerá os "mercados da concorrência".

Em um anúncio nos maiores jornais do país, a Associação Brasileira de Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec) e a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) retomam a linha argumentativa do governo, atribuindo o escândalo a "eventuais desvios de conduta" que "representam uma fração mínima da produção nacional e devem ser repudiados e combatidos".

O anúncio alerta sobre as consequências que que uma generalização das suspeitas pode trazer para o país, principal exportador mundial de carne bovina e agrícola.

"Denegrir a qualidade da proteína do principal exportador global só interessa aos produtores de mercados concorrentes", afirmam.

"Eventuais restrições à importação de carne brasileira, além de representarem um retrocesso de muitos anos, impactarão na economia e resultarão em uma perda de empregos e renda. O setor de proteínas emprega mais de 7 milhões de pessoas e representa 15% das exportações brasileiras", adverte.

"É irresponsável colocar dúvidas sobre a qualidade da carne brasileira. A tentativa de assustar consumidores e compradores internacionais pode servir à busca por promoção pessoal, mas não se sustenta com fatos e prejudica a vida de milhões de brasileiros que trabalham no setor de proteínas", acrescenta a nota.

A Polícia Federal (PF) revelou na sexta-feira um esquema em que fiscais sanitários supostamente recebiam subornos dos frigoríficos para autorizar a venda de alimentos não aptos para o consumo.

Mais de 30 pessoas foram detidas até o momento, três frigoríficos foram fechados temporariamente e 21 se encontram sob investigação.

A PF foi criticada pela forma como foram divulgadas as informações sobre a operação "Carne Fraca".

O ministro da Agricultura, Blairo Maggi, questionou no domingo "a narrativa" dos procedimentos policiais que teria levado a "conclusões equivocadas".

O presidente Michel Temer também afirmou que o modo como a notícia foi dada pode ter gerado grande preocupação nos países importadores de carne e nos consumidores brasileiros.

O escândalo deu ânimo aos produtores agropecuários europeus preocupados com o avanço das negociações de um tratado de livre-comércio entre a União Europeia (UE) e o Mercosul (Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai).

"A respeito das conversações comerciais com o Mercosul, enviamos uma carta à Comissão Europeia pedindo que sejam cumpridas nossas normas de segurança e que os países do Mercosul garantam o rastreio individual do gado", informa um comunicado do secretário-geral da Copa-Cogeca, Pekka Pesonen.

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