Economia

Demanda fraca pesa na confiança, diz superintendente da FGV

Cenário para o mercado de trabalho no setor enfrenta o momento mais delicado dos últimos 15 anos, afirmou superintendente adjunto de inflação da FGV


	Indústria: confiança do setor recuou 3,1%, segundo a prévia divulgada nesta segunda
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Indústria: confiança do setor recuou 3,1%, segundo a prévia divulgada nesta segunda (ia_64/Thinkstock)

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Da Redação

Publicado em 23 de fevereiro de 2015 às 18h00.

Rio - Apesar dos esforços da indústria para ajustar seus estoques - o que intensificou a queda na produção na virada do ano -, a avaliação dos empresários é de que a demanda continua fraca. 

Com isso, o cenário para o mercado de trabalho no setor enfrenta o momento mais delicado dos últimos 15 anos, afirmou na tarde desta segunda-feira, 23, o superintendente adjunto de inflação da Fundação Getulio Vargas (FGV), Aloisio Campelo.

A confiança da indústria recuou 3,1%, segundo a prévia divulgada nesta segunda.

"As empresas estão olhando as perspectivas de venda para os próximos meses, elas fizeram um esforço muito grande para diminuir a produção e ajustar estoques. Mas a confiança do consumidor está lá embaixo, a renda está crescendo menos. O ajuste fiscal promove um aperto na economia, que resulta em contenção de demanda. Agora, temos o câmbio mais favorável, mas esses movimentos não são suficientes para compensar os fatores desfavoráveis", disse Campelo.

Segundo a FGV, a queda na confiança foi puxada principalmente pelas expectativas, que recuaram 4,8% na prévia.

Se este resultado for confirmado, aos 82,0 pontos, o nível deste indicador ficará em posição semelhante ao observado em setembro de 2014 (81,9 pontos), que por sua vez foi o menor desde abril de 2009.

"Isso não é um bom sinal para contratações e investimento", avaliou o superintendente da FGV.

Em termos de emprego, o cenário já é bastante complicado. Segundo a prévia, o indicador de emprego previsto deve ficar, em fevereiro, abaixo dos 100 pontos pelo décimo mês seguido.

Isso quer dizer que o número de empresas dizendo que pretendem diminuir o quadro de funcionários é superior ao número das que vão contratar.

"Tem 15 anos que não temos um ciclo tão longo e negativo", notou Campelo. Segundo ele, em 2008, no auge da mais recente crise mundial, este indicador permaneceu na zona desfavorável por oito meses.

"Foi uma saída rápida. Ainda se tinha mais folga na área fiscal, o governo poderia fazer algumas medidas de estímulo", comentou.

Não menos importantes, fatores como elevação de custos com energia elétrica e preocupação com o risco de racionamento de água e energia contribuem para que a confiança permaneça deprimida.

Há ainda temor de que a Operação Lava Jato, comandada pela Polícia Federal e que investiga um suposto esquema de desvio de recursos na Petrobras, provoque uma paralisia nas obras do País.

Entre novembro do ano passado e este mês, o índice de confiança oscilou entre altos e baixos, mas não sustentou a melhora.

"De qualquer forma, a confiança tinha subido muito pouco. A região (em que se encontra o índice, abaixo dos 100 pontos) é extremamente desconfortável em todo esse tempo", analisou Campelo.

"É mais provável que, no fim do ano, notícias favoráveis sobre 2016 comecem a gerar mais ânimo. Hoje ainda está tudo muito incerto", acrescentou.

Além da menor confiança, o Nível de Utilização da Capacidade Instalada (Nuci) denuncia o aumento da ociosidade da indústria.

Embora o indicador prévio de fevereiro, aos 82%, tenha ficado no mesmo patamar de janeiro, o patamar é inferior ao verificado em fevereiro do ano passado (84,6%).

"Está aumentando a ociosidade da indústria quando se olha no longo prazo", afirmou o superintendente.

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