Plataforma de petróleo no Mar do Norte: demanda energética mundial crescerá menos até 2040 (Andy Buchanan/AFP)
Da Redação
Publicado em 12 de novembro de 2014 às 16h35.
Paris - O mundo consumirá muito mais energia em 2040, embora o crescimento da demanda seja limitado pela alta de preços e pela maior eficiência energética, assegura a Agência Internacional de Energia (AIE), em seu estudo anual publicado nesta quarta-feira.
"A demanda mundial de energia aumentará em 37% até 2040, de acordo com o nosso cenário, embora o crescimento demográfico e econômico vá consumir menos energia do que antes", alerta a AIE, com sede em Paris, no estudo prospectivo.
Assim, "o crescimento da demanda mundial [de energia] será reduzido, passando de uma taxa superior a 2% ao ano, nas duas últimas décadas, para cerca de 1% anual, a partir de 2025", indica a AIE.
A organização, que representa os interesses dos países consumidores, atribui essa tendência à alta dos preços e a medidas de eficiência energética, assim como a "uma mudança estrutural da economia mundial favorável ao setor de serviços e a uma indústria mais eficiente".
A geografia da demanda também será alterada, com o auge dos países emergentes.
O consumo se estancará na maioria dos países europeus, no Japão, na Coreia do Sul e na América do Norte, e aumentará no restante da Ásia (que representará 60% da demanda mundial), na América Latina, no Oriente Médio e na África subsaariana.
No que se refere ao petróleo, em especial, a tendência será similar.
"Por cada barril de petróleo que se deixe de consumir na OCDE, serão consumidos dois novos barris nos países não-membros", estima a AIE.
"Até 2040, os países asiáticos importarão dois terços dos barris transacionados em nível internacional", afirma o estudo.
E, no início dos anos de 2030, a China passará os Estados Unidos como o maior consumidor mundial de petróleo.
Advertências sobre o clima
Segundo a AIE, o consumo mundial de cru chegará a 104 milhões de barris diários (mbd) em 2040. Essa previsão supera em 14 mbd a demanda de 2013.
O aumento do consumo vai ser reduzido pelos preços altos e pelas novas políticas de eficiência energética, que se traduz em veículos que consomem menos combustível.
A outra grande questão é saber se a produção seguirá seu ritmo. Nos últimos meses, os preços baixaram muito, graças a uma oferta abundante que deve muito ao petróleo e ao gás de xisto dos Estados Unidos.
A AIE pede prudência, porém, apontando que o abastecimento dependerá de um reduzido número de países produtores.
"Até os anos 2030, será necessário investir cerca de US$ 900 bilhões anuais para desenvolver os setores petrolífero e de gás, a fim de responder ao incremento da demanda. Mas não está claro se esses investimentos serão feitos a tempo", alerta o estudo.
Esses investimentos podem ser interrompidos pelo declínio antecipado da produção americana de petróleo, pela complexidade da extração no pré-sal brasileiro, pelas sanções ocidentais à Rússia, ou pela instabilidade no Oriente Médio.
No total, o petróleo representará um quarto das provisões mundiais em 2040, uma porção similar à de gás, de carvão e de recursos que emitem pouco carbono, como as energias renováveis e nuclear. Atualmente, a cota de petróleo é de 32%.
O petróleo se verá em boa medida suplantado pelo gás natural, cuja demanda aumentará em mais de 50%, segundo a AIE. Esse recurso fóssil se transformará na principal fonte energia para os países da OCDE até 2030.
A AIE observa também que as políticas aplicadas para reduzir as emissões de gases causadores do efeito estufa são insuficientes para limitar em 2°C o aquecimento global.
A organização confirmou sua previsão de aumento da temperatura global em 3,6°C em longo prazo e estima que as emissões de gases de efeito estufa ligadas à energia aumentarão em 20% até 2040.