Fazendeiro trabalhando em uma plantação de trigo em Zaozhuang, na província de Shandong, na China: país deve importar mais carne e oleaginosas na próxima década (China Daily/Reuters)
Da Redação
Publicado em 6 de junho de 2013 às 12h08.
Pequim - A China, nação mais populosa do mundo, deve importar mais carne e oleaginosas na próxima década, com o consumo superando o ritmo do crescimento da produção, disse a OCDE em um comunicado conjunto com a Agência de Segurança Alimentar da ONU (FAO, na sigla em inglês), aumentando uma pressão inflacionária sobre os preços globais.
O consumo de carne e grãos deve subir nos países em desenvolvimento entre 2013 e 2022, mesmo que em um ritmo mais lento do que na década anterior, impulsionado pelo crescimento das populações, rendas maiores, urbanização e por uma mudança nas dietas, disseram a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico e a FAO.
"O aumento dos preços de grãos e produtos pecuários é esperado para a próxima década por conta de uma combinação de desaceleração do crescimento da produção e por uma demanda maior, incluindo por biocombustíveis", disseram a FAO e a OCDE em seu Panorama Agrícola para 2013 a 2022.
"Os preços da carne bovina, peixes e biocombustíveis devem subir mais fortemente do que produtos agrícolas primários." O aumento dos custos, uma crescente escassez de recursos e pressões ambientais cada vez maiores devem dificultar a produção agrícola no período, disseram a FAO e a OCDE, com um o crescimento ficando em média 1,5 por cento ao ano no período de 2013 a 2022, uma queda ante os 2,1 por cento registrados na década anterior.
"O crescimento do consumo chinês vai ultrapassar ligeiramente sua produção, em cerca de 0,3 por cento por ano, similar à tendência da década anterior", disseram os dois grupos.
"Uma maior, porém modesta, abertura do setor agrícola chinês deve acontecer, embora estas perspectivas devem variar por produto." A China já é o maior importador mundial de soja após realizar a decisão estratégica de terceirizar a produção, principalmente para os EUA. Alguns especialistas estimam que Pequim deva ter que realizar o mesmo procedimento para outros produtos agrícolas de uso intensivo da terra.
Importações chinesas de carnes estão subindo
As importações chinesas de carne devem subir em 3 por cento por ano para 1,7 milhão de toneladas até 2022, impulsionadas por um crescimento na população e na renda. A carne bovina deve se tornar o setor de crescimento mais rápido, com uma taxa de aumento de 7 por cento ao ano, disse o relatório.
Enquanto o governo chinês prometeu permanecer autossuficiente em relação aos principais produtos básicos, as previsões são de que as importações de grãos e oleaginosas disparem.
As importações chinesas de oleaginosas, principalmente utilizadas na alimentação animal, devem subir 41 por cento durante o período entre 2013/2022, para 83 milhões de toneladas, representando 59 por cento do comércio mundial.
As importações de cereais para ração, incluindo milho e cevada, devem atingir 13,2 milhões de toneladas por ano até 2022, ante importações de milho e cevada que devem totalizar 7,7 milhões de toneladas em 2012, disseram a FAO e a OCDE.
As importações anuais de trigo devem atingir 2,8 milhões de toneladas até 2022, alta ante a média de 2,1 milhões de toneladas na última década.
O relatório prevê que as importações de arroz pela China, maior consumidor mundial do produto, devem cair para uma média de 1,5 milhão de toneladas por ano na próxima década, à medida que os cidadãos mais capitalizados passarem a consumir mais carne.
A Índia deve tomar o lugar da China como o maior produtor mundial de algodão na próxima década, acompanhando uma queda na área de produção do maior consumidor mundial do produto, segundo o relatório.
As importações anuais de algodão pela China devem cair para 1,9 milhões de toneladas até 2022, queda de 46 por cento ante o nível de 2010-2012 por conta de uma menor demanda das tecelagens locais, acrescentou.
O consumo total de algodão na China deve cair a uma taxa de 0,4 por cento por ano na próxima década, com sua indústria têxtil enfrentando a competição dos produtores de baixo custo na Índia.