Economia

Delfim diz que todos os países usam taxa cambial 'suja'

Economista disse que o tripé econômico (câmbio flutuante, meta de inflação e responsabilidade fiscal) continua valendo


	O economista Delfim Netto: ex-ministro afirmou também que a política fiscal do País é um exemplo internacional 
 (Bia Parreiras/EXAME)

O economista Delfim Netto: ex-ministro afirmou também que a política fiscal do País é um exemplo internacional  (Bia Parreiras/EXAME)

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Da Redação

Publicado em 25 de outubro de 2012 às 13h50.

São Paulo - O economista e ex-ministro da Fazenda Antonio Delfim Netto disse nesta quinta-feira, em São Paulo, que o tripé econômico (câmbio flutuante, meta de inflação e responsabilidade fiscal) continua valendo, mas destacou que todos os países usam uma taxa cambial "suja", termo empregado pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, ao admitir nesta semana que o governo administra o câmbio. De acordo com Delfim Netto, a administração federal faz ajustes no tripé, conforme as dificuldades enfrentadas pelo País.

"Temos flutuação suja do câmbio, mas todos os países do mundo fazem a mesma coisa", afirmou, em seminário da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP). Como exemplo, ele mencionou a última rodada de relaxamento quantitativo dos Estados Unidos, o chamado QE3. "É claro que os Estados Unidos estão desvalorizando a sua moeda. Isso está no programa de governo do (Barack) Obama, que quer dobrar as exportações do país em oito anos." Segundo Delfim, "é um grande ridículo" falar que o Brasil controla o câmbio, pois "o câmbio flexível nunca existiu, isso é ideia de economista".

O economista e ex-ministro da Fazenda afirmou também que a política fiscal do País é um exemplo internacional e que o esforço de economia para pagamento de juros da dívida não precisa ser tão rigoroso. Delfim lembrou que a dívida líquida em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) está em torno de 35% e em trajetória de queda. "Por isso, a gente não precisa dessa taxa de superávit primário", afirmou.

Sobre a inflação, o economista e ex-ministro afirmou que a dificuldade está em itens do grupo alimentação. Para Delfim, se os preços dos alimentos fossem retirados da inflação, a taxa observada ficaria próxima à meta de 4,5%. "O que existe é um choque de oferta, assim como aconteceu com o tomate. Criou-se a inflação do tomate e 90 dias depois ela desapareceu." Na opinião do economista, é uma grande ilusão acreditar que o mercado pode prever a taxa de inflação para daqui um ano. "Previsão de inflação pode até ser válida para três meses, mas mais que isso é impossível", disse.

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