Economia

Déficit externo recua em setembro por comércio

Queda foi para nível abaixo do esperado do mercado, refletindo uma melhora expressiva do saldo comercial na comparação anual, segundo dados do Banco Central

Para outubro, contudo, a projeção do BC é de um novo aumento do déficit em conta corrente (Divulgação/Banco Central)

Para outubro, contudo, a projeção do BC é de um novo aumento do déficit em conta corrente (Divulgação/Banco Central)

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Da Redação

Publicado em 25 de outubro de 2011 às 14h05.

Brasília - O déficit em transações correntes do Brasil caiu em setembro para nível abaixo do esperado do mercado, refletindo uma melhora expressiva do saldo comercial na comparação anual e uma queda do déficit com a contratação de serviços, mostraram dados do Banco Central (BC) nesta terça-feira.

Para outubro, contudo, a projeção do BC é de um novo aumento do déficit em conta corrente, por conta de uma piora do saldo comercial, tendência que a autoridade monetária atribuiu à crise externa.

"O que a gente espera é que haja acomodação da corrente de comércio", afirmou o chefe do Departamento Econômico do BC, Tulio Maciel, a jornalistas, acrescentando que o menor crescimento global reduzirá a demanda por bens e serviços.

No mês passado, as transações correntes brasileiras foram deficitárias em 2,200 bilhões de dólares, menor déficit do ano e melhor resultado para o mês desde setembro de 2004. Para outubro, a estimativa do BC é de um déficit em transações correntes de 4,8 bilhões de dólares.

Analistas consultados pela Reuters previam déficit de 3,25 bilhões de dólares para o mês passado. Em setembro de 2010, as transações correntes haviam sido deficitárias em 3,950 bilhões de dólares.

O superávit comercial brasileiro triplicou no mês passado na comparação anual, para 3 bilhões de dólares. Mas Maciel notou que, até a terceira semana de outubro, a balança comercial acumulou superávit de apenas 570 milhões de dólares, o que contribuirá para um aumento do déficit externo.

Se o comércio já começa a indicar que está sentido efeitos das turbulências externas, os Investimentos Estrangeiros Diretos (IED) não foram abalados. No mês passado, o IED somou 6,3 bilhões de dólares, maior saldo para o mês em sete ano. Para outubro, o BC estimou que o fluxo chegará a 4 bilhões de dólares em outubro, o que levaria o resultado acumulado no ano a 54,4 bilhões de dólares.

"O IED é influenciado por uma análise econômica de horizonte mais amplo, dado a maturidade que eles exigem. ... a tendência é que esses fluxos continuem entrando no país", disse Maciel.

Mais cautela com viagens

No mês passado, o déficit da conta de serviços recuou 5 por cento frente a setembro do ano passado, para 3,081 bilhões de dólares. No período, houve uma desaceleração do déficit com viagens --conta que vinha pressionando fortemente as transações correntes há meses em meio a um real valorizado e ao crescimento da renda.


O déficit com viagens aumentou 11,5 por cento em setembro frente um ano antes, contra uma alta de 54,7 por cento no acumulado do ano. Maciel atribuiu essa perda de ritmo à valorização do dólar, que foi de 18 por cento em setembro.

"Os primeiros números para viagens internacionais em outubro seguem mostrando essa cautela dos brasileiros com essas despesas", afirmou Maciel. Ele descartou que o número também já possa refletir uma retração da renda, ponderando que a massa salarial segue em alta.

As remessas de lucros e dividendos surpreenderam com uma desaceleração em setembro. Após uma saída de 5 bilhões de dólares em agosto, elas somaram 1,961 bilhão de dólares em setembro. Em setembro do ano passado, as remessas haviam somado 1,628 bilhão de dólares.

A expectativa do BC é que, ao contrário de 2008, quando a crise gerou um aumento das remessas, com empresas usando os recursos para cobrir perdas em suas sedes ou outras filiais, no momento atual a expectativa não é de aumento expressivo do fluxo.

Dado parcial de outubro até o dia 21 mostrou que as remessas haviam somado 1,263 bilhão de dólares.

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