Economia

Déficit externo recua em junho, mas é recorde no ano, mostra BC

O déficit foi de 25,448 bilhões de dólares, o mais elevado para o período da série do Banco Central

O saldo negativo em junho ficou um pouco abaixo dos 3,750 bilhões de dólares previstos por analistas (Karen Bleier/AFP)

O saldo negativo em junho ficou um pouco abaixo dos 3,750 bilhões de dólares previstos por analistas (Karen Bleier/AFP)

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Da Redação

Publicado em 26 de julho de 2011 às 14h24.

Brasília - O déficit em transações correntes brasileiro caiu em junho frente ao mesmo período do ano passado sob o efeito do crescimento das exportações, que têm sido beneficiadas pela alta nos preços das commodities, mostraram dados do Banco Central nesta terça-feira.

A forte demanda interna, contudo, seguiu inflando os gastos com a contratação de serviços, como viagens e aluguel de equipamentos, que bateram novos recordes mensais.

No semestre, o déficit em transações correntes, de 25,448 bilhões de dólares, foi o mais elevado para o período da série do BC, iniciada em 1947. O saldo negativo, no entanto, foi mais do que compensado pelo fluxo de Investimento Estrangeiro Direto (IED) de 32,477 bilhões de dólares, valor também recorde.

"A melhor forma de financiar o déficit em conta corrente é com o investimento direto, que é um recurso mais estável, que se incorpora à capacidade produtiva do país", afirmou a jornalistas o chefe do Departamento Econômico do BC, Tulio Lopes.

"Em uma eventual oscilação, mudança de conjuntura, é um recurso que fica no país", acrescentou ele.

Em junho, o déficit em transações correntes foi de 3,300 bilhões de dólares, bem abaixo dos 5,273 bilhões de dólares de junho do ano passado. No período, as exportações tiveram alta de 39 por cento e o saldo comercial aumentou em mais de 2 bilhões de dólares, para 4,428 bilhões de dólares.

O saldo negativo em junho ficou um pouco abaixo dos 3,750 bilhões de dólares previstos por analistas, segundo sondagem feita pela Reuters junto a 16 instituições.

Viagens, investimento

No mês passado, as despesas dos brasileiros com viagens internacionais superaram as receitas obtidas com turistas no Brasil em 1,364 bilhão de dólares, o segundo pior mês da série depois de abril. No semestre, o déficit da conta, turbinado pelo crescimento da renda doméstica e pelo real valorizado, foi de 6,814 bilhões de dólares --alta de 65 por cento frente ao mesmo período de 2010.


O crescimento ocorreu a despeito do aumento da taxação sobre as despesas no exterior pagas com cartão de crédito promovida pelo governo no final de abril, com uma alíquota de 6,38 por cento com Imposto sobre Operações Financeiras.

Segundo Maciel, dados do BC mostram que os turistas passaram a substituir o cartão por dinheiro. A parcela das despesas internacionais feitas com cartão caiu de 61 por cento em abril para 54 por cento em junho.

O IED ficou em 5,467 bilhões de dólares em junho, bem acima dos 766 milhões de dólares registrados no mesmo mês do ano passado. O investimento em papéis domésticos e ações, por outro lado, despencou para 383 milhões de dólares, contra 3,053 bilhões de dólares.

A queda reflete, em parte, o aumento da taxação sobre os investimentos em renda fixa, que foi triplicada --para 6 por cento-- em outubro do ano passado em um esforço para conter a valorização do real.

Para julho, o BC estima que o investimento estrangeiro direto some 4 bilhõe de dólares, e o déficit em conta corrente fique em 2,9 bilhões de dólares.

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