Economia

Déficit em conta corrente atinge US$ 90,948 bi e é recorde

O rombo superou a projeção da instituição, de um resultado negativo de US$ 86,2 bilhões


	Banco Central: até então, o maior volume havia sido registrado em 2013, de US$ 81,347 bi
 (Ueslei Marcelino/Reuters)

Banco Central: até então, o maior volume havia sido registrado em 2013, de US$ 81,347 bi (Ueslei Marcelino/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 23 de janeiro de 2015 às 10h36.

Brasília - O resultado das transações correntes fechou o ano de 2014 com déficit de US$ 90,948 bilhões. O rombo superou a projeção da instituição, de um resultado negativo de US$ 86,2 bilhões.

Além disso, foi pior do que as estimativas dos analistas ouvidos pelo AE Projeções, que iam de um saldo negativo de US$ 88,100 bilhões a US$ 90,900 bilhões, com mediana de US$ 89,5 bilhões, , informou o Banco Central nesta sexta-feira, 23, ao divulgar a nota do setor externo.

O resultado de 2014 é recorde para a série histórica do BC, iniciada em 1947. Até então, o maior volume havia sido registrado em 2013, de US$ 81,347 bilhões.

Vale destacar que esse resultado deficitário foi 50% maior do que o verificado em 2012, de US$ 54,246 bilhões, que até então era o pior desde 1947.

O déficit em conta corrente do ano passado ficou em 4,17% do Produto Interno Bruto (PIB), ainda de acordo com os dados do BC, o pior para um ano fechado desde 2001 (4,19%). O maior porcentual da série histórica do BC foi observado em 1974, de 6,8%.

Apontada como principal vilã das contas correntes em 2014, a balança comercial registrou um déficit de US$ 3,930 bilhões, enquanto a conta de serviços ficou negativa em US$ 48,667 bilhões. A conta de renda também ficou no vermelho, em US$ 40,2 bilhões.

Dezembro

Em dezembro, o resultado das transações correntes ficou negativo em US$ 10,317 bilhões ante expectativas colhidas pelo AE Projeções de déficit de US$ 7 bilhões a US$ 10,5 bilhões (a mediana negativa encontrada foi de US$ 9,491 bilhões).

A balança comercial registrou um superávit de US$ 293 milhões, enquanto a conta de serviços ficou negativa em US$ 4,881 bilhões. A conta de renda também ficou deficitária em US$ 5,988 bilhões.

Investimento Externo

O volume de Investimento Estrangeiro Direto (IED) que ingressou no Brasil no último mês do ano passado foi de US$ 6,650 bilhões. O resultado ficou dentro das estimativas apuradas pelo AE Projeções, de US$ 6 bilhões a US$ 7,5 bilhões, com mediana de US$ 7 bilhões. Pelos cálculos do Banco Central, o IED de dezembro ficaria em US$ 7,2 bilhões.

A estimativa da autarquia foi feita com base nos números até 17 de dezembro, quando o País havia recebido US$ 4,5 bilhões em recursos externos.

Em todo o ano de 2014, o IED somou US$ 62,495 bilhões. O saldo anual só supera o de 2010 (US$ 48,506 bilhões), já que ficou inferior ao dos três anos anteriores: US$ 66,7 bilhões em 2011, US$ 65,3 bilhões em 2012 e US$ 64,045 bilhões em 2013.

O IED no ano passado ficou abaixo da estimativa do BC, de receber US$ 63 bilhões. O resultado ficou dentro das estimativas (de US$ 62,3 bilhões a US$ 63,3 bilhões) e abaixo da mediana de US$ 62,9 bilhões das previsões do mercado financeiro apuradas pelo AE Projeções.

Com o resultado divulgado hoje, nota-se que o ingresso desse tipo de investimento foi suficiente para financiar apenas 68,72% do rombo das transações correntes de 2014. Em relação ao Produto Interno Bruto (PIB), o IED passou de 2,85% em 2013 para 2,95% agora.

Ações e Renda Fixa

O investimento estrangeiro em ações brasileiras ficou positivo em US$ 11,546 bilhões em 2014. Em dezembro, o saldo ficou negativo em US$ 601 milhões. Em 2013, o saldo havia sido de US$ 11,636 bilhões, com um total de US$ 905 milhões apenas no último mês daquele ano.

As aplicações em ações negociadas no País no ano passado somaram US$ 10,566 bilhões e as negociadas no exterior (como ADRs) registraram um saldo positivo de US$ 980 milhões.

Já o saldo de investimento estrangeiro em títulos de renda fixa negociados no País ficou negativo em US$ 8,528 bilhões em dezembro e positivo em US$ 20,106 bilhões no acumulado de 2014. Em 2013, o resultado havia sido negativo em US$ 263 milhões em dezembro e positivo em US$ 25,369 bilhões no ano.

O aumento da procura por esses títulos teve início em junho de 2013, quando o governo zerou o Imposto sobre Operações Financeira (IOF) sobre a aplicação.

O investimento em títulos negociados no exterior ficou negativo em US$ 410 milhões em dezembro e positivo em US$ 1,880 bilhão no ano. Em 2013, foi negativo em US$ 1,755 bilhão no último mês do ano e em US$ 2,341 bilhões no acumulado em 12 meses.

Rolagem

O BB informou que a taxa de rolagem de empréstimos de médio e longo prazos captados no exterior no ano passado ficou em 153%. Apenas em dezembro, a taxa foi de 142%.

O resultado de 2014 foi muito melhor do que o verificado no ano anterior, quando foi insuficiente (94%) para honrar os compromissos das empresas no período.

Dos números apresentados hoje pelo BC, a taxa de rolagem de bônus, notes e commercial papers ficou em 90% no ano passado e em 57% em dezembro.

Em 2013, a taxa anual ficou em 76% - 41% apenas no último mês do ano. Já os empréstimos diretos conseguiram ultrapassar a cobertura, com 191% - em 2013, havia sido de 102%. Em dezembro, o porcentual foi de 203%.

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