Economia

Déficit das contas externas em agosto é o maior para o mês

Resultado negativo de US$ 4,862 bilhões é o pior desde 1947

O BC anunciou um aumento na expectativa do superávit comercial para 2011 (Arquivo/EXAME)

O BC anunciou um aumento na expectativa do superávit comercial para 2011 (Arquivo/EXAME)

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Da Redação

Publicado em 23 de setembro de 2011 às 16h59.

Brasília - O saldo negativo das transações do Brasil com o exterior chegou a US$ 4,862 bilhões, em agosto, o maior resultado para o período da série histórica do Banco Central (BC), iniciada em 1947. No mesmo mês de 2010, o déficit em transações correntes, que registra as compras e vendas de mercadorias e serviços, foi US$ 2,975 bilhões. O resultado do mês passado veio acima do previsto pelo BC – US$ 3,2 bilhões.

Segundo o chefe do Departamento Econômico do BC, Tulio Maciel, o crescimento das remessas de lucros e dividendos de empresas no Brasil para o exterior explica o aumento do saldo negativo. Em agosto, foi registrado o maior resultado para o período, ao ficar em US$ 5,109 bilhões. Neste mês, até hoje, essas remessas já se reduziram e estão em US$ 1,023 bilhão. De janeiro a agosto, as remessas de lucros e dividendos ficaram em US$ 25,699 bilhões, o maior resultado da série do BC. Para o ano, o BC revisou a projeção para as remessas de lucros e dividendos de US$ 37 bilhões para US$ 38 bilhões.

A conta de rendas (remessas de lucros e dividendos, salários e juros) ficou negativa em US$ 5,526 bilhões e acumulou US$ 30,958 bilhões nos oito meses do ano. Já a conta de serviços (viagens internacionais, transportes, aluguel de equipamentos e outros) registrou déficit de US$ 3,440 bilhões no mês passado e de US$ 24,772 bilhões de janeiro a agosto.

A previsão do BC para o déficit na balança de serviços ficou em US$ 39,7 bilhões, enquanto para rendas chegou a US$ 46,3 bilhões. A projeção anterior para essas duas contas – serviços e rendas – era US$ 83 bilhões, este ano.

Em agosto, o superávit comercial (resultado positivo de exportações menos importações) ficou em US$ 3,874 bilhões. Nos oito meses do ano, o saldo positivo foi de US$ 33,784 bilhões, ante US$ 31,411 bilhões de igual período de 2010.

Para o ano, o BC aumentou a projeção de superávit comercial de US$ 20 bilhões para US$ 29 bilhões. Segundo Maciel, o aumento na projeção é explicado pelo crescimento das exportações até agosto, mas com expectativa de arrefecimento no último trimestre do ano, devido à “deterioração do ambiente internacional que tende a afetar os fluxos de comércio”. Maciel acrescentou que o aumento dos preços dos produtos exportados, principalmente das commodities (produtos primários com cotação internacional), ajudaram a aumentar o resultado das vendas do Brasil ao exterior.

Na conta de transações correntes também estão incluídas as transferências unilaterais correntes, que são doações e remessas de dólares que o país faz para o exterior ou recebe de outros países, sem contrapartida de serviços ou bens. Nos oito meses do ano, essas transferências líquidas ficaram em US$ 1,971 bilhão e o BC manteve a previsão para o ano de US$ 3 bilhões.

Para financiar o saldo negativo das transações correntes, o país conta com o investimento estrangeiro direto, que vai para o setor produtivo da economia. Em agosto, esses investimentos ficaram em US$ 5,606 bilhões, o maior resultado para o período desde agosto de 2004 (US$ 6,089 bilhões). De janeiro a agosto, esses investimentos ficaram em US$ 44,085 bilhões, o maior resultado para o período, e a previsão do BC para o ano é US$ 60 bilhões. Em setembro, até hoje, o investimento estrangeiro direto está em 4,4 bilhões a expectativa para o mês é US$ 5 bilhões.

O BC também divulgou a previsão para investimento estrangeiro em ações negociadas em bolsas de valores do Brasil e do exterior, que é US$ 5 bilhões. De janeiro a agosto, houve ingresso desses investimentos em US$ 4,571 bilhões. A previsão anterior do BC que incluía tanto as ações quanto os títulos negociados no país era US$ 7 bilhões.

De janeiro a agosto, houve saída líquida de US$ 108 milhões, nos títulos de renda fixa. O BC não informou a estimativa específica para o investimento estrangeiro em títulos.

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