EXAME.com (EXAME.com)
Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 04h11.
Brasília - O custo médio dos financiamentos bancários no país aumentou em abril e no início de maio como reflexo da elevação da taxa de captação dos bancos, mas o Banco Central espera que esse encarecimento seja contido pela queda da inadimplência.
Dados divulgados nesta quarta-feira mostraram que a taxa média cobrada pelos bancos oscilou 0,1 ponto para cima em abril frente a março, para 34,3 por cento ao ano. Nos 13 primeiros dias de maio, o aumento foi mais expressivo e a taxa média chegou a 34,8 por cento ao ano.
O encarecimento dos empréstimos veio após o Comitê de Política Monetária (Copom) ter elevado a taxa básica de juros em 0,75 ponto percentual em abril, a 9,5 por cento ao ano --decisão vista pelo mercado como o início de um ciclo de aperto monetário.
No mês passado, a inadimplência caiu pelo terceiro mês consecutivo, de 5,1 para 5,0 por cento, e o spread bancário, que mede a diferença entre a taxa de captação dos bancos e os juros cobrados dos tomadores finais, recuou 0,2 ponto, a 23,8 pontos percentuais.
"O movimento que se tem hoje é um movimento de estabilidade ou de pequena elevação (das taxas), dado que você tem aumento do custo de captação, e alguma redução de spread que se espere que continue, porque a inadimplência deve continuar caindo", afirmou a jornalistas o chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes.
Segundo Lopes, em um cenário de crescimento do emprego e da renda, a tendência é de queda da taxa de inadimplência, que mede a parcela dos saldos em atraso acima de 90 dias em relação ao total.
Público x Privado
O crédito total disponibilizado pelo sistema financeiro no Brasil, incluindo recursos livres e direcionados, cresceu 1,1 por cento em abril, chegando a 45,2 por cento do Produto Interno Bruto (PIB)
As novas concessões de crédito aumentaram 5,0 por cento no mês passado, considerando a média diária, a 8,008 bilhões de reais.
Os dados mostram que os bancos públicos seguem com um desempenho mais expressivo no crédito na comparação com os privados, seguindo tendência desencadeada com a crise financeira global --que levou o setor público a ter uma atuação mais agressiva no financiamento para compensar a retração de liquidez.
Em 12 meses até abril, o crédito oferecido pelos bancos públicos cresceu 29,5 por cento, enquanto o dos bancos privados nacionais aumentou 14,9 por cento e o dos estrangeiros, apenas 1,3 por cento.
O BC espera que até o final do ano essa divisão tenha se equilibrado um pouco mais, com o crédito dos bancos públicos acumulando alta de 23 por cento, o dos privados nacionais, também 23 por cento e o dos privados estrangeiros, 8 por cento.
"O que se vai observar é uma ação mais forte dos bancos privados, a concorrência vai levar a isso", afirmou Lopes, acrescentando que essa elevação deve ocorrer de forma disseminada na indústria e no comércio.