San Francisco: a quarta maior cidade da Califórnia se transformou em um centro de startups de tecnologia e redes sociais (Divulgação)
Da Redação
Publicado em 5 de abril de 2016 às 21h17.
Quando David Nichols, executivo de uma companhia fabricante de software de automação, e sua esposa estavam se preparando para aumentar a família no ano passado, ele soube que o aluguel do escritório dele em São Francisco ia dar um salto de 50 por cento.
Então ele fez as malas e se mudou para Portland, Oregon.
O boom de empregos de tecnologia que tornou São Francisco um dos lugares mais caros para se morar nos EUA está começando a perder força porque a cidade está ficando muito cara para os empregados.
Isso tem levado algumas empresas a abrir escritórios em lugares como Seattle, Portland e Los Angeles para atrair engenheiros de software muito procurados que desejam uma qualidade de vida similar com um preço mais baixo.
“Quando você olha em outros lugares, o custo de vida é totalmente diferente”, disse Nichols, 34, CEO da Automation Resources Group, que espera ser pai de uma menina este mês.
“Compramos uma casa bonita estilo Craftsman em um bairro espetacular e isso simplesmente não teria sido possível em São Francisco”.
A cidade do Uber
A quarta maior cidade da Califórnia se transformou em um centro de startups de tecnologia e redes sociais e na cidade do Twitter, do Uber e do Airbnb.
Seus funcionários bem pagos lotam a cidade de mais de 800.000 habitantes, o que impulsiona os preços das casas para patamares fora do alcance até mesmo de quem ganha salários de seis dígitos. A mediana de valores das propriedades de São Francisco era US$ 1,1 milhão e a mediana de aluguéis mensais era US$ 4,547 em fevereiro, as mais altas entre as cinquenta maiores cidades dos EUA, segundo dados da Zillow.
“Vemos cada vez mais transferências para fora de São Francisco”, disse Mehul Patel, CEO da Hired, uma startup de São Francisco que conecta quem procura emprego com empregadores. “Considerando de fato o custo de vida, há lugares muito melhores para morar”.
Nos últimos doze meses, houve um fluxo constante de funcionários que se mudam de São Francisco para Seattle, Denver, Austin e a área de Los Angeles, disse Patel. Muitos trabalhadores de tecnologia começam em São Francisco para aumentar o salário e se consolidar antes de se mudar para mercados mais acessíveis, acrescentou ele.
Casas caras
O emprego gerado pela tecnologia, que inclui empresas de internet, desenvolvimento de software e servidores de dados, cresceu 5 por cento em São Francisco nos doze meses encerrados em fevereiro, frente a um aumento de 10,3 por cento no ano anterior, segundo dados da Agência de Estatísticas de Trabalho.
Em mercados menores, o crescimento do emprego está acelerando: 7,6 por cento em Portland, 7,8 em Seattle e 4,6 por cento em Los Angeles, mostram os dados.
Os preços dos imóveis nessas cidades são de pelo menos metade daqueles em São Francisco, com valores medianos de US$ 351.700 em Portland, US$ 536.700 em Seattle e US$ 569.500 em Los Angeles, mostram dados da Zillow.
Um engenheiro de software em Austin com um salário de US$110.000 teria que ganhar US$ 195.000 para manter a mesma qualidade de vida em São Francisco, segundo um relatório da Hired. A média de salários anuais dos funcionários de tecnologia é de US$ 118.243 em São Francisco e Vale do Silício, segundo dados do Dice.com, um site de empregos em tecnologia com sede em San Jose.
A publicação de vagas em tecnologia para São Francisco e o Vale do Silício listadas no Dice.com caiu 6 por cento nos doze meses encerrados em março, disse o presidente do Dice.com, Bob Melk. Elas aumentaram 38 por cento em Seattle, 12 por cento em Austin e 6 por cento em Phoenix.
As empresas de tecnologia de São Francisco continuam crescendo. A Salesforce.com, a maior companhia de capital aberto do setor com sede em São Francisco, segundo o valor de mercado, aumentará sua força de trabalho pela taxa estimada de 24 por cento neste ano, disse Ana Recio, vice-presidente sênior de recrutamento global.
“O cenário geral ainda é de crescimento, embora a um ritmo mais lento”, disse Enrico Moretti, professor de Economia da Universidade da Califórnia em Berkeley. “Os preços estão altos porque as pessoas podem pagá-los e querem morar aqui”.