Economia

CSN (CSNA3) arremata última estatal do Rio Grande do Sul por R$ 928 milhões

A oferta vencedora foi de R$ 928 milhões, com ágio de 10,93% em relação ao preço mínimo de R$ 836,593 milhões

Rio Grande do Sul: Do lado do governo estadual, o leilão é um termômetro para a futura privatização da Corsan, estatal que atua no segmento de saneamento (Divulgação/Divulgação)

Rio Grande do Sul: Do lado do governo estadual, o leilão é um termômetro para a futura privatização da Corsan, estatal que atua no segmento de saneamento (Divulgação/Divulgação)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 30 de julho de 2022 às 12h00.

A Companhia Florestal do Brasil, subsidiária da siderúrgica CSN, arrematou a geradora de energia CEEE-G, a última empresa de energia estatal do Rio Grande do Sul, em leilão de privatização realizado nesta sexta-feira, 29, na B3. A oferta vencedora foi de R$ 928 milhões, com ágio de 10,93% em relação ao preço mínimo de R$ 836,593 milhões.

No certame, a CSN concorreu com a Auren Energia, que chegou a oferecer R$ 927,2 milhões, com ágio de 10,83%. Com a vitória no leilão da CEEE-G, a CSN ficará com usinas com 1.253,71 megawatts (MW) de potência em geração de energia, entre unidades próprias e em parceria com outras empresas.

Esta foi a segunda tentativa de privatizar a geradora de energia e só foi possível após o governo do Rio Grande do Sul reduzir o valor de referência para o leilão em 33%. Em março, o governo gaúcho tentou vender a companhia, mas não obteve propostas.

Além da CSN e da Auren Energia, outras empresas também avaliaram participar da privatização e desistiram de entrar no leilão por também considerar o valor excessivamente alto. De acordo com pessoas próximas à operação, a estatal foi analisada pela CPFL, EDF, Spic Brasil, Comerc, AES Brasil e Eneva.

A CPFL era considerada a principal interessada em adquirir a CEEE-G, pois tem atividades na Região Sul do País e, inclusive, é sócia da estatal na Ceran, dona de três usinas hidrelétricas, totalizando 260 MW. A empresa, contudo, decidiu não oferecer proposta no leilão e exercer o direito de preferência pelas usinas nas quais já possui participação.

Do lado do governo estadual, o leilão é um termômetro para a futura privatização da Corsan, estatal que atua no segmento de saneamento. Após perceber que seria difícil realizar uma oferta de ações da empresa na Bolsa, o governo do Rio Grande do Sul decidiu alterar o modelo da privatização e vender 100% de sua participação na companhia de saneamento.

O leilão provocou resistência no Rio Grande do Sul. Diante da redução no valor mínimo pedido pela CEEE-G, o deputado Pompeo de Matos (PDT/RS) e sindicatos de trabalhadores do setor elétrico entraram com uma representação na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), questionando pedido pelo governo do Rio Grande do Sul para privatizar a CEEE-G.

A denúncia foi realizada com base numa avaliação feita pela consultoria UPside Finanças Corporativas. O documento mostra que o valor patrimonial da companhia é R$ 1,361 bilhão, cifra superior ao mínimo pedido pelo governo para vender a estatal, e que uma eventual alienação dos ativos pelo valor mínimo resultaria em perda de R$ 524,4 milhões ao Estado.

A denúncia enviada à CVM também dá conta de que a avaliação utilizada pelo governo gaúcho para definir o preço mínimo de venda da estatal de geração não considera os valores de bens que integram o patrimônio intangível da empresa, como o seu nome, a sua história e o próprio direito de exploração do serviço e da sua renovação por mais 30 anos.

"Estes elementos não são levados em conta, quando a metodologia utilizada é a do Fluxo de Caixa Descontado, baseado nos fluxos de caixa futuros da empresa", diz a consultoria.

Procurada, a Secretaria de Meio Ambiente e Infraestrutura do Rio Grande do Sul (Sema-RS) não se manifestou.

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