Ilan Goldfajn, sobre os juros: "o que estamos considerando é o ritmo, se reduz um pouco por causa da incerteza em relação às reformas ou se mantém em função do quadro econômico" (Adriano Machado/Reuters)
Reuters
Publicado em 7 de julho de 2017 às 08h22.
Última atualização em 7 de julho de 2017 às 09h55.
São Paulo - O presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, afirmou na noite de quinta-feira que as incertezas geradas pela crise política parecem estar tendo um impacto neutro sobre a trajetória de preços na economia, com os efeitos inflacionários e desinflacionários se anulando.
"Tudo parece indicar que a gente está caminhando numa trajetória que se pensava antes. Então, nesse debate de desinflacionário e inflacionário, é possível que seja simplesmente 'volta ao que você pensou', que parece talvez tenham se anulado (os efeitos) ou simplesmente não ter tido os efeitos", afirmou em entrevista à jornalista Miriam Leitão exibida na GloboNews.
"Agora o que é importante é a gente estar sempre monitorando para de fato ver se vai para um lado ou vai para outro. Por enquanto está caminhando entre os dois", acrescentou.
Questionado se seria mesmo necessário reduzir o ritmo de corte nos juros, conforme indicação adotada pelo BC após as delações de executivos da JBS provocarem uma turbulência política no país, Ilan destacou que a autoridade monetária seguirá avaliando seus próximos passos em função da conjuntura, e que poderá adotar uma pequena redução ou manutenção do corte em 1 ponto percentual.
"A inflação está caindo, os juros estão caindo. E o que estamos considerando é o ritmo, se reduz um pouco por causa da incerteza em relação às reformas ou mantém em função desse quadro econômico que você descreveu, de inflação caindo, atividade recuperando gradualmente. Então é algo que nós vamos avaliar", respondeu.
O BC reduziu no final de maio a Selic em 1 ponto percentual, a 10,25 por cento ao ano, mas deixou claro que poderia desacelerar o passo em meio à profunda crise política que envolve o governo do presidente Michel Temer. Sobre as perspectivas para as reformas econômicas ocorrerem ainda neste ano, Ilan reconheceu que as alterações nas regras previdenciárias devem enfrentar mais percalços, mas reiterou que as mudanças são cruciais.
"A reforma trabalhista está andando, a reforma da Previdência tem mais desafios, mas eu acho que são objetivos de todos nós. Eu diria que é uma necessidade, não é uma opção. A reforma da Previdência terá que ser feita para poder termos um sossego nas contas públicas, que é muito importante para todos nós".
Durante a entrevista, Ilan reconheceu que o IPCA de junho, que será divulgado nesta sexta-feira, deverá mostrar deflação, mas pontuou que este movimento "provavelmente vai ficar só no mês passado".