Economia

Crise política gera temores para concessões de infraestrutura

Em um 1º momento, a divulgação de que o presidente Temer teria dado aval à compra do silêncio de Cunha, não deverá fazer o governo cancelar leilões

Infraestrutura: "Todos os cronogramas estão mantidos", disse uma das fontes (Dado Galdieri/Bloomberg)

Infraestrutura: "Todos os cronogramas estão mantidos", disse uma das fontes (Dado Galdieri/Bloomberg)

R

Reuters

Publicado em 18 de maio de 2017 às 17h27.

Brasília - A nova crise política gerada pelas denúncias de que o presidente Michel Temer teria supostamente dado aval para a compra do silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha gera preocupações sobre os impactos no interesse dos investidores no programa de concessões de infraestrutura do país, disseram à Reuters duas fontes do governo que lidam com a área.

Porém, pelo menos em um primeiro momento, a divulgação na véspera de que o empresário Joesley Batista, do frigorífico JBS, teria gravado o presidente Temer dando aval à compra do silêncio de Cunha no âmbito da Lava Jato, não deverá fazer o governo cancelar leilões.

"Todos os cronogramas estão mantidos", disse uma dessas fontes. Para o segundo semestre, disse, há licitações importantes previstas, como de usinas hidrelétricas --São Simão, entre Minas Gerais e Goiás, Volta Grande (MG) e Miranda (MG) -- e de áreas para produção de petróleo e gás, inclusive na camada pré-sal.

"Os próximos leilões, que são importantes demais, estão previstos para a partir de setembro. Até lá, teremos um pouco mais de clareza sobre o rumo que o Brasil estará. Claro que é ruim (instabilidade política). Não vendemos só projetos de infraestrutura, mas também credibilidade", disse uma das fontes.

Essa fonte admitiu, por exemplo, que o aumento do risco político pode interferir nas propostas dos eventuais interessados, reduzindo os valores das ofertas.

O chamado Programa de Parceria de Investimentos (PPI) é uma das iniciativas do governo Temer para tentar reativar a economia.

Com modelagens mais favoráveis ao mercado, o programa prevê gerar investimentos de cerca de 45 bilhões de reais em setores como energia, petróleo e gás, logística e saneamento.

Em meados de março, o governo federal vendeu com ágios elevados concessões dos aeroportos de Salvador, Fortaleza, Porto Alegre e Florianópolis, em um leilão que arrecadou 3,7 bilhões de reais. Já no final de abril, o governo promoveu leilão de construção de linhas de transmissão de energia que previa investimentos de 12,7 bilhões de reais.

Acompanhe tudo sobre:ConcessõesDelação premiadaGoverno TemerInfraestruturaJBSMichel TemerOperação Lava Jato

Mais de Economia

Senado aprova em 1º turno projeto que tira precatórios do teto do arcabouço fiscal

Moraes mantém decreto do IOF do governo Lula, mas revoga cobrança de operações de risco sacado

É inacreditável que Trump esteja preocupado com a 25 de Março e Pix, diz Rui Costa

Tesouro: mesmo com IOF, governo precisaria de novas receitas para cumprir meta em 2026