"Apesar de todas as dificuldades na economia mundial, os países desenvolvidos em geral e muitos países emergentes não abandonaram a prioridade às políticas de inovação", afirmou Coutinho (Antonio Cruz/ABr)
Da Redação
Publicado em 29 de abril de 2014 às 12h45.
Rio de Janeiro - Mesmo com a crise e as dificuldades da economia mundial daí decorrentes, as principais economias, tanto desenvolvidas quanto emergentes, mantêm investimentos em inovação e poderão sair em situação diferenciada no futuro, avaliou nesta quinta-feira, 1, o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho.
"Apesar de todas as dificuldades na economia mundial, os países desenvolvidos em geral e muitos países emergentes não abandonaram a prioridade às políticas de inovação", afirmou Coutinho, em palestra em seminário sobre inovação na sede da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan). "Há um processo de transformação que não é tão evidente, mas está em curso e vai diferenciar um conjunto de países que têm perseverado no apoio à inovação".
Coutinho afirmou também que, embora a indústria tenha encolhido seu peso na maioria das economias, segue sendo estratégica para a inovação, respondendo por "70% dos processos" e puxando o setor de serviços. "A indústria encolheu com raras exceções no mundo inteiro. Mas se olharmos por dentro, o papel estratégico da indústria não se modificou", completou Coutinho.
Brasil
Coutinho ressaltou, no entanto, que o Brasil ainda está atrasado em termos de inovação, mas isso se deve em parte ao fato de a estabilização da economia ser recente.
Para ele, a estabilização concretizou-se apenas com o acúmulo de reservas, a partir de 2004, e, hoje, o País já possui todos os instrumentos possíveis de apoio à inovação. "É muito recente a estabilização da economia", disse.
O processo de estabilização, falou, começou com o Plano Real, em 1994, mas "só se consolidou quando foram acumulados os primeiros R$ 200 bi de reservas internacionais, de 2004 a 2006".
Para Coutinho, após o primeiro acúmulo de reservas, o Brasil estava mais fortalecido, "mas mesmo assim não estava claro se conseguiríamos suportar a crise". "Veio 2008 e conseguimos suportar", disse ele, citando as políticas anticíclicas adotadas. "Estamos no meio de uma gravíssima crise. Apesar disso, o Brasil está crescendo, não entramos em recessão".
O presidente do BNDES avaliou ainda que a inovação depende da estabilidade, para dar horizonte às empresas. Ele também citou o avanço das políticas de apoio à inovação. "Temos hoje um conjunto de instrumentos iguais aos que os países desenvolvidos utilizam", completou.