Economia

Crise não é do Brasil, diz presidente do BC

"A crise não terminou e concentra foco nos países da Europa", disse Alexandre Tombini, ao participar no seminário "Guardiões da Estabilidade"

Presidente do Banco Central em seu gabinete: de acordo com Tombini, são boas as perspectivas da economia brasileira no médio e longo prazos (Divulgação/Banco Central)

Presidente do Banco Central em seu gabinete: de acordo com Tombini, são boas as perspectivas da economia brasileira no médio e longo prazos (Divulgação/Banco Central)

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Da Redação

Publicado em 19 de junho de 2012 às 13h54.

São Paulo - O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, afirmou nesta terça-feira que a crise internacional não está relacionada com a boa gestão da economia no país. "A crise não terminou e concentra foco nos países da Europa. Essa crise não é do Brasil", disse ele, ao participar no seminário "Guardiões da Estabilidade", realizado pela IstoÉ Dinheiro, em São Paulo. "O país tem reservas robustas e contas públicas equilibradas. O superávit primário permite redução da dívida pública", comentou.

De acordo com Tombini, são boas as perspectivas da economia brasileira no médio e longo prazos. "O governo tem avançado em medidas tributárias, como desoneração da folha de pagamento e investimentos em portos, ferrovias e redes de comunicação", disse, ressaltando que a desoneração da energia elétrica terá impacto positivo sobre importantes segmentos produtivos. "As profundas transformações estruturais observadas nos últimos anos, combinados com a presença de vários elementos que garantem a sustentação da demanda doméstica, e importantes estímulos já introduzidos, indicam ainda haver espaço para a ampliação do consumo", disse.

"E é exatamente o consumo que dará a propagação ao crescimento, incentivando a realização de novos investimentos privados, os quais darão suporte ao crescimento sustentado nos próximos anos", acrescentou Tombini. O comentário do presidente do BC está alinhado com a avaliação da presidente Dilma Rousseff e do ministro da Fazenda, Guido Mantega, segundo a qual a população brasileira tem ainda um grande potencial para ampliar a compra de bens e acesso a serviços, e, portanto, não estaria esgotado o modelo de crescimento do país, calcado em boa parte na ampliação constante da demanda agregada, sobretudo das famílias.

Segundo ele, o Brasil voltará a crescer também no curto prazo, a ponto de o Produto Interno Bruto (PIB) registrar uma expansão de 4% no último trimestre deste ano ante igual período de 2011. "O país vai crescer nos próximos trimestres, baseado sobretudo na criação de emprego, expansão de renda e do crédito", comentou.

De acordo com o presidente do BC, a trajetória de recuo da taxa Selic deverá ter impacto importante no modelo de atuação do mercado de capitais e, com isso, exigirá "atenção redobrada" do gerenciamento de riscos desse mercado. "O BC está atento a esse processo", disse.

Na avaliação de Tombini, com o custo do dinheiro mais baixo, já é possível observar uma mudança na estrutura das curvas de juros de médio e longo prazo.


Na avaliação de Tombini, se isso por um lado "amplia os horizontes", com maior participação do sistema bancário no financiamento da economia do país, por outro lado, também será necessário maior atenção em riscos que serão tomados pelo setor financeiro na busca por rentabilidade.

Credibilidade - Tombini afirmou ainda que o Banco Central tem credibilidade e é respeitado internacionalmente, depois de um trabalho de diferentes atores. "A credibilidade do Banco Central é resultado de ações tomadas por diferentes atores nas últimas décadas", disse.

Ao fazer breve retrospectiva histórica, Tombini disse que, depois de várias tentativas frustradas, o Plano Real permitiu "debelar a hiperinflação e reintroduzir no Brasil uma moeda com todas as suas funções". Ele mencionou também o regime de metas de inflação e o câmbio flutuante como fatores que propiciaram estabilidade macroeconômica, possibilitando que o país avançasse em outras frentes.

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