Economia

Crise na Europa força nova fase de emigração de portugueses

Os principais destinos são os países do norte da Europa menos afetados pela crise, como Alemanha, Inglaterra e Luxemburgo


	Manifestante discute com policial durante protesto em frente ao Parlamento de Portugal: a emigração de pessoas jovens poderá ter efeito grave no futuro econômico do país
 (José Manuel Ribeiro/Reuters)

Manifestante discute com policial durante protesto em frente ao Parlamento de Portugal: a emigração de pessoas jovens poderá ter efeito grave no futuro econômico do país (José Manuel Ribeiro/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 22 de março de 2013 às 12h13.

Lisboa – A crise econômica internacional que afeta especialmente os países do sul da Europa está incentivando a emigração portuguesa. Os principais destinos são os países do norte da Europa menos afetados pela crise, como Alemanha, Inglaterra e Luxemburgo. Há também correntes migratórias para Angola, Brasil e Moçambique; países falantes do idioma português.

A diáspora portuguesa não ocorre pela primeira vez na história. Portugal, sendo um pequeno país, ex-império colonial e tendo uma população reconhecida pela capacidade de adaptação cultural, há muitos anos é tido como um país de emigrantes – inclusive para o Brasil.

Conforme estatística aceita por especialistas, há cerca de cinco milhões de lusitanos e seus descendentes diretos vivendo mundo afora. Desses, cerca de 2,3 milhões são nascidos em Portugal – número que se aproxima de um quarto da população residente no país (10,2 milhões).

De acordo com a socióloga Filipa Pinho, coordenadora da equipe técnica do Observatório da Emigração do Instituto Universitário de Lisboa (Iscte-IUL), o que diferencia os processos de emigração no século 21 é que “há mais liberdade de circulação, intercomunicação e aproximação de fronteiras”.

A internet favorece que as pessoas que queiram emigrar acionem redes locais de apoio e solidariedade no país de destino, além de disponibilizar informações instantâneas e a chance de pesquisar emprego e oportunidades de negócio.

Esse é o caso de Bruno Carvalho, solteiro com 30 anos, que pensa em emigrar para algum país asiático e lá abrir um pequeno negócio como padaria ou doceria.

Ele não descarta ir para o Brasil, mas teme a violência, lembra do custo de vida e desconfia de como será o futuro da economia brasileira após os Jogos Olímpicos de 2016; “não vejo que haja de fato bom desempenho econômico”, disse à Agência Brasil.


A principal razão para Bruno planejar a vida fora de Portugal é 'a falta de perspectiva' em seu país e o desejo de viver em lugares de outra cultura. Apesar de estar empregado como caixa de uma rede de supermercados em meio período, Bruno avalia ter potencial e tempo para outras atividades – antes da crise tinha dois empregos. A outra atividade, da qual foi demitido em outubro do ano passado, era de assistente de escala na pista do Aeroporto de Lisboa.

A emigração de pessoas jovens como Bruno Carvalho poderá ter efeito grave no futuro de Portugal, cuja população envelhece acentuadamente pondo em risco o sistema de seguridade social.

De acordo com o Instituto Nacional de Estatísticas, órgão português equivalente ao IBGE, na última década a população do país só cresceu em 200 mil habitantes – especialmente imigrantes, dos quais 77 mil eram brasileiros.

O número de filhos por mulher portuguesa caiu de 1,56, em 1990, para 1,36, em 2010. No Brasil a taxa era de 1,9 filho por mulher, em 2010.

Por ora, a emigração tem garantido mais divisas ao país. Nos últimos anos, cresceu o saldo positivo das transações (envio e recebimento de euros) com Alemanha, Inglaterra e Luxemburgo; assim como com Angola. 


No caso do Brasil, os dados coletados pelo Observatório da Emigração ainda registram fluxo monetário favorável ao Brasil por causa da colonia de 111 mil habitantes residentes em Portugal.

De 2008 para 2011, a entrada oficial de portugueses no Brasil passou de 482 pessoas ao ano, para 1.564. O registro consular português contabiliza que a população lusitana entre os brasileiros cresceu de 384 mil para mais de 425 mil.

O registro, no entanto, não é obrigatório e o dado pode incluir descendentes nascidos no Brasil e pessoas que se registraram muito tempo depois de emigrarem.

Entre os portugueses, há quem ache vantajosa a emigração para o Brasil, mas há quem reclame do mercado de trabalho ser de difícil acesso, como é o caso dos engenheiros que não conseguem registro para trabalhar.

Para contornar essa situação, nesta quinta-feira (21), a Associação Nacional de Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) e o Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas (Crup) assinaram, em Brasília, um memorando de entendimento para agilizar os processos de reconhecimento, revalidação e equivalência de graus e títulos acadêmicos.

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