Economia

Crise gerou maior perda de PIB per capita em 120 anos, diz Pessôa

Para o professor de economia, o país também investe mal em educação, único meio de redução da desigualdade social

Samuel Pessoa, economista do IBRE/FGV no Fórum A Revolução do Novo: Transformação do Mundo (Antonio Milena/VEJA)

Samuel Pessoa, economista do IBRE/FGV no Fórum A Revolução do Novo: Transformação do Mundo (Antonio Milena/VEJA)

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Da Redação

Publicado em 5 de junho de 2017 às 12h04.

Última atualização em 5 de junho de 2017 às 14h38.

A crise econômica e política gerou para o Brasil a maior perda de PIB per capita dos últimos 120 anos. A avaliação é do economista Samuel Pessôa. Segundo ele, não dá para falar que a perda de PIB per capita é maior por falta de dados.

“Tudo indica que se tivéssemos dados, poderíamos retroagir para o período da Regência, que foi extremamente difícil. Ao final de 217, vai ser 10% menor do que em 2013. É o número de um país que passou por uma guerra”, afirmou Pessôa durante o fórum “A Revolução do Novo – A Transformação do Mundo”, promovido por VEJA e EXAME, em parceria com a Coca-Cola.

Segundo ele, essa redução do poder de compra não é “fruto de um errinho na política”. “Não dá para achar que foi um ajustamento político promovido pelo Joaquim Levy que causou isso. Tem que ter uma dinâmica maior que justifique isso.”

Entre as dinâmicas que levaram a essa situação, de acordo com Pessôa, está a construção atabalhoada de um estado de bem estar social combinada com uma política econômica intervencionista.

“O governo do PT, a partir da saída do [Antonio] Palocci e da entrada do [Guido] Mantega [no Ministério da Fazenda] trouxe essa política intervencionista, que gerou atraso para o país. A questão não é só de corrupção, mas também de diagnóstico, de ideologia”, afirmou Pessôa.

Educação

Questionado se dá para ser otimista, Pessôa afirmou que há áreas com mais avanços, como a agenda de reformas – Previdência, trabalhista e limite de gastos públicos.

Mas há outras frentes em que o vai mal e não dá sinais de melhoras, como a educacional. “Educação é o único mecanismo sólido de equidade social. A gente conseguiu colocar todas as crianças na escola, mas não que elas saíssem de lá com qualidade de aprendizado.”

Para piorar, segundo ele, o Brasil gasta mal em educação. Comparado com a Coreia do Sul, que investe 3% do PIB nessa área,  o país gasta mais de 6%.

A presidente da ONG Comunitas, Regina Siqueira,  disse que é preciso fortalecer no âmbito dos municípios a discussão sobre equilíbrio fiscal.

“É nas cidades que os cidadãos convivem com o governo e onde as empresas têm seus negócios”, disse Siqueira.

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