Economia

Crise do setor aéreo na América Latina aponta futuro com menos competição

Analistas afirmam que todas as companhias aéreas na América Latina enfrentam algum risco de desaparecer

Latam: empresa saiu da Argentina se aliou à antiga rival Azul no Brasil e reduziu operações domésticas no Chile (John Milner/SOPA Images/LightRocket/Getty Images)

Latam: empresa saiu da Argentina se aliou à antiga rival Azul no Brasil e reduziu operações domésticas no Chile (John Milner/SOPA Images/LightRocket/Getty Images)

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Reuters

Publicado em 29 de junho de 2020 às 17h15.

As companhias aéreas em recuperação judicial Latam e Avianca Holdings estão reduzindo suas ambições e a competição na América Latina segue mesma tendência, com empresas antes rivais considerando movimentos de cooperação antes impensáveis.

Desde maio, a Latam saiu da Argentina se aliou à antiga rival Azul no Brasil e reduziu operações domésticas no Chile, enquanto a Avianca abandonou o Peru.

A escala dos movimentos pode remodelar o futuro do setor de aviação da América Latina, enfraquecendo a competição regional e aumentando preços de passagens, enquanto ajuda algumas das empresas aéreas a sobreviver. "Mais que consolidação, muitas companhias aéreas vão desaparecer", disse Eliseo Llamazares, consultor do setor aéreo na KPMG. No Equador, a estatal Tame foi liquidada. No México, a Interjet reduziu sua malha.

"Se esta tendência continuar, a conectividade na região será afetada", disse Peter Cerda, vice-presidente para as Américas da Associação Internacional de Transporte Aéreo (Iata). "Menos conectividade significa menos escolhas e menos escolhas normalmente se traduz em preços maiores."

Analistas afirmam que todas as companhias aéreas na América Latina enfrentam algum risco de desaparecer. Após os pedidos de recuperação judicial de Latam e Avianca, auditores da Gol alertaram para riscos sobre a continuidade da empresa. Já Azul e Aeroméxico contrataram assessores de reestruturação e a panamenha Copa Holdings não voa desde o final de março.

Uma companhia aérea que pode se beneficiar do processo é a chilena JetSMART, que avaliar entrar no mercado doméstico brasileiro. A empresa é controlada pela companhia de investimentos de risco Indigo Partners, que também controla as aéreas Frontier e Wizz Air. O fundador da Indigo Partners, Bill Franke, afirmou à Reuters que avalia ajudar na reestruturação da Avianca, o que poderia colocar a empresa mais perto da JetSMART. A Avianca não comentou o assunto.

"Sobrevivência"

Se a JetSMART se expandir no Brasil, a empresa vai chegar em um momento em que a competição encolhe no país. "A JetSMART no Brasil vai causar estragos nas atuais empresas", disse um executivo do setor.

A epidemia de coronavírus tornou a competição uma preocupação secundária, evidenciada pela falta de resposta contra o acordo de codeshare entre Latam e Azul. O acordo seria "inalcançável antes", disse Carlos Ozores, consultor de aviação da ICF. O acordo atual se aplica apenas sobre rotas que não se sobrepõem, mas a Latam afirmou que está "aberta a avaliar a possibilidade de uma expansão futura do acordo" sobre rotas coincidentes.

"Pode ser o primeiro passo para uma integração mais profunda, mesmo uma fusão", disse Andre Castellini, consultor de aviação da Bain & Company. Latam e Azul negam negociações sobre fusão, mas uma fonte com conhecimento do acordo afirma que tal arranjo "é possível". "Falar em competição neste contexto (de pandemia) não faz sentido, isso é uma luta por sobrevivência", disse Castellini.

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