Economia

Criação de empregos decepciona nos EUA

Criação de empregos subiu a 113.000 postos em relação ao mês de dezembro. Mas cifra está longe das expectativas dos analistas e abaixo da média mensal de 2013

Trabalhadores em cozinha em Washington: analistas estavam, em geral, decepcionados por baixa criação de emprego que não se explica, desta vez, pelos problemas climáticos (AFP)

Trabalhadores em cozinha em Washington: analistas estavam, em geral, decepcionados por baixa criação de emprego que não se explica, desta vez, pelos problemas climáticos (AFP)

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Da Redação

Publicado em 7 de fevereiro de 2014 às 17h48.

Os dados do emprego de janeiro nos Estados Unidos mostraram um mercado de trabalho pouco dinâmico, com uma recuperação decepcionante da criação de emprego, embora a taxa de desemprego tenha caído levemente.

O desemprego continuou caindo a 0,1%, se situando em 6,6% em janeiro, com relação a dezembro, segundo o relatório oficial do Departamento de Trabalho publicado na sexta-feira.

A criação de empregos subiu a 113.000 postos em relação ao mês de dezembro. Contudo, esta cifra está longe das expectativas dos analistas, que esperavam 175.000 novas contratações líquidas e, principalmente, muito abaixo da média mensal de 2013, quando a economia norte-americana tinha criado 194.000 postos mensais, o que permitiu que a taxa de desemprego caísse 1,3 ponto em um ano.

"O relatório mostra tanto os avanços registrados como os desafios que enfrentamos", disse a Casa Branca em um comunicado em que pede ao Congresso para renovar o pagamento do subsídio aos desempregados de longa data.

Os analistas estavam, em geral, decepcionados por uma baixa criação de emprego que não se explica, desta vez, pelos problemas climáticos. "O total de pessoas que não puderam trabalhar por causa do tempo foi de 262.000, liquidamente abaixo da média de um mês de janeiro (419.000)", lembrou Jennifer Lee da BMO Capital Markets.

Em janeiro, o setor privado criou 142.000 postos líquidos, o segundo ritmo mensal mais lento em um ano e meio, enquanto o governo registrou um de seus piores meses em um ano, perdendo 29.000 funcionários.

O economista independente Joel Naroff constatou que "a criação de empregos foi melhor que em dezembro (75.000), mas esteve longe do que é necessário".

Apesar deste tímido crescimento das contratações, a taxa de desemprego caiu 0,1 ponto percentual, a 6,6% - o nível mais baixo desde outubro de 2008 - quando os analistas esperavam que se mantivesse estável em 6,7%.


Resultados mistos

Outra boa surpresa: parecia que este mês a variação da população ativa, da qual se exclui os desempregados desestimulados que abandonam a procura de um trabalho, saindo das estatísticas de desemprego, influiu significativamente sobre o índice.

Em janeiro, ao contrário, embora sejam mantidos em níveis historicamente baixos, a taxa de participação na força de trabalho aumentou levemente (+O,2 ponto percentual) disse o presidente do grupo de economistas da Casa Branca, Jason Furman, em um comunicado.

O relatório do Departamento de Trabalho sobre emprego é feito com base em duas pesquisas de fontes estatísticas diferentes, o que explica as diferenças que surgem algumas vezes.

Os analistas observam que em 6,6% a taxa de desemprego se aproxima do nível de 6,5% utilizado pelo Federal Reserve (Fed) para decidir um eventual aumento das taxas de juros.

Alguns pensam que depois de ter afirmado que as taxas básicas se manteriam próxima de zero "bem depois" que a taxa de desemprego subir a 6,5%, o Fed deverá insistir sobre esse ponto.

"Se faz urgente um ajuste de declarações de orientação monetária", declarou Harm Bandholz, d'UniCredit Economics.

O analista lembrou as declarações de um dirigente do Fed, Dennis Lockhart, que na quarta-feira disse que "a medida que nos aproximamos da taxa de 6,5% e ainda mais se a superamos, é razoável esperar uma revisão da orientação monetária do Fed".

Enquanto isso, este relatório ambíguo sobre emprego não deveria implicar uma mudança de rumo do Fed, que começou a reduzir suas injeções de liquidez, segundo a maioria dos analistas.

"Existe uma clara maioria no Comitê monetário (FOMC) para continuar reduzindo o estímulo monetário", ou seja, reduzir as compras de ativos da dívida pública destinadas a sustentar a recuperação, disse Harm Bandholz.

"O Fed continuará retirando lentamente seu apoio", concordou Jennifer Lee, de BMO.

Em sua próxima reunião, sob a direção de sua nova presidente, Janet Yellen, nos dias 18 e 19 de março, o FOMC já contará com os dados de emprego de fevereiro.

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