Economia

Crescimento vai surpreender para melhor em 2020, diz Samuel Pessôa

O economista participou de bate-papo com o cientista político Bolívar Lamounie, no EXAME Fórum 2019, nesta segunda-feira (09)

Bolivar Lamounier, Samuel Pessôa e Andre Lahoz: debate no EXAME Fórum 2019 (Germano Luders/Exame)

Bolivar Lamounier, Samuel Pessôa e Andre Lahoz: debate no EXAME Fórum 2019 (Germano Luders/Exame)

Ligia Tuon

Ligia Tuon

Publicado em 9 de setembro de 2019 às 10h52.

Última atualização em 9 de setembro de 2019 às 14h14.

São Paulo - As agendas de privatização e de concessões devem avançar no próximo um ano e meio serão suficientes para colocar a economia rodando a 2,5% ao ano em 2020, na opinião do economista Samuel Pessôa.

O cenário que o economista vislumbra está sendo possibilitado, segundo ele, pelo "brutal ajustamento" que o setor privado vem mostrando. "Estou com um otimismo moderado. Acho que o ano que vem vai surpreender para melhor. As estatísticas mostram que tanto o endividamento quanto a lucratividade das empresas melhoraram", diz.

O economista participou de bate-papo com o cientista político Bolívar Lamounier no EXAME Fórum desta segunda-feira (09) em São Paulo, cujo tema é como recuperar o foco no desenvolvimento.

O Brasil ainda tem de lidar, segundo Pessôa, com um legado de atraso educacional deixado pelo século XX.

"Entre 1930 e 1980, num momento em que a taxa de crescimento no país era 3% ao ano, nós gastávamos 1,5% do PIB com educação. Esse problema estará conosco, pelo menos, pelas próximas 4 ou 5 décadas", diz.

O cientista político Bolívar Lamounier diz que o país caiu ao longo da sua história na armadilha da baixa renda e que, para sair dessa, além de resolver o problema educacional, terá de subir os investimentos rapidamente. O problema-chave, porém, está no sistema político.

"O nosso sistema politico não tem o empuxo necessário para nos levar. Temos que ter uma grande reforma politica que nos faça funcionar de outra maneira", afirma.

Alem disso, há o problema dos ruídos pelo qual o país passa, segundo ele. "Precisamos que algumas vozes, que no momento estão um pouco histéricas, se controlem um pouco mais para que o país volte a um convívio da democracia, que é inseparável do comedimento na vida pública", diz.

O apelo feito por Lamounier vem num momento em que o mundo acompanha uma série de polêmicas envolvendo as queimadas na floresta amazônica, e comentários vistos como desrespeitosos feitos pelo presidente, Jair Bolsonaro, e até pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, a respeito da aparência da esposa do presidente da França.

O assunto foi trazido também na abertura do evento pelo presidente da Abril, Fábio Carvalho.

Apesar do avanço de reformas como as da Previdência e tributária, da MP de Liberdade Econômica, e da atuação independente do Banco Central, "o Brasil, nesse momento, tem de certa forma um problema de foco".

Pessôa é mais otimista em relação ao sistema político no Brasil. Segundo ele, o país está tentando negociar um novo contrato social, um processo "super confuso, que não é claro nem totalmente transparente ou consciente e que ocorre mediado pela política".

"Com todos os problemas, o sistema político brasileiro é minimamente capaz de fazer a mediação entre as demandas da sociedade e a formulação da política econômica lá na ponta", defende Pessôa.

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