Economia

Crescimento global em 2020 ficará bem abaixo dos níveis de 2019, diz FMI

Fundo deve rever estimativas do PIB para o ano nas próximas semanas em função da disseminação contínua do coronavírus no mundo

Diretora do FMI, Kristalina Georgieva. 04 de março de 2020. Foto: Samuel Corum/Getty Images) (Samuel Corum/Getty Images)

Diretora do FMI, Kristalina Georgieva. 04 de março de 2020. Foto: Samuel Corum/Getty Images) (Samuel Corum/Getty Images)

Ligia Tuon

Ligia Tuon

Publicado em 4 de março de 2020 às 13h40.

Última atualização em 4 de março de 2020 às 14h02.

São Paulo - O Fundo Monetário Internacional (FMI) disse nesta quarta-feira (04) que o crescimento global de 2020 ficará bem abaixo dos níveis do ano passado em função da disseminação contínua do coronavírus.

Kristalina Georgieva, diretora-gerente do Fundo, participa de coletiva de imprensa na tarde de hoje, onde explica que o Fundo está "lutando com a incerteza".

“Os 189 países membros do FMI estão unidos para enfrentar os desafios globais relacionados à epidemia de Coronavírus (COVID-19) e estendemos nossa simpatia a todos os afetados. O impacto econômico e financeiro também foi sentido globalmente, criando incertezas e prejudicando as perspectivas de curto prazo. Estamos determinados a fornecer o apoio necessário para mitigar o impacto, especialmente nas pessoas e países mais vulneráveis. Estamos confiantes de que, trabalhando juntos, venceremos o desafio que enfrentamos e restauraremos o crescimento e a prosperidade para todos”, disse o fundo por meio de nota divulgada hoje.

Em janeiro, o FMI havia estimado o crescimento global de 2019 em 2,9% e de 2020 em 3,3%. Em fevereiro, o Fundo disse que o surto poderia reduzir 0,1 ponto percentual do crescimento de 2020.

Kristalina Georgieva, diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional disse que o FMI revisará novamente suas previsões para baixo nas próximas semanas. "O crescimento deste ano cairá abaixo do nível do ano passado", disse Georgieva. A autoridade se recusou, no entanto, a dizer se a crise do vírus pode levar o mundo a uma recessão.

"É difícil prever a duração do surto no momento", disse ela, acrescentando que a eficácia das medidas de mitigação desempenhará um papel fundamental na determinação do impacto econômico.

Ação conjunta

Com o aumento da pressão para que os bancos centrais coloquem em ação suas ferramentar de política monetária para conter os efeitos do avanço da epidemia, uma série de anúncios de cortes de juros vem sendo anunciada.

Na terça-feira, o Federal Reserve, banco central dos Estados Unidos, surpreendeu o mercado com um corte de emergência. O movimento veio antes mesmo da reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) de 17 a 18 de março.

A decisão antecipada foi unânime entre os formuladores de política monetária e reflete a urgência com a qual a autoridade sente que precisa agir para evitar a possibilidade de uma recessão global.

No mesmo dia, para acalmar os ânimos no Brasil, o BC divulgou uma nota dizendo que monitora atentamente os impactos do surto e que as próximas duas semanas permitirão uma avaliação mais precisa dos efeitos na economia. A mensagem foi interpretada por parte do mercado como uma sinalização de um novo corte na Selic na reunião do dia 18, mesmo com o fato de a autoridade ter sinalizado em dezembro que encerraria o ciclo de afrouxamento.

O corte mais recente foi no Canadá, anunciado nesta quarta-feira pelo banco central do país (BoC, na sigla em inglês). A autoridade disse ainda que cogita um novo corte, se necessário, para apoiar o crescimento econômico.

A medida marcou a primeira vez em quase cinco anos que o Banco do Canadá diminuiu o juro. A última vez havia sido em março de 2009, quando o banco reduziu a taxa em 50 pontos-base, durante a crise financeira global.

No início desta semana, Christiane Lagarde, presidente do Banco Central Europeu (BCE), também reiterou que a instituição está pronta para tomar “medidas apropriadas e direcionadas” para combater o impacto econômico do surto. Mais cedo neste mês, ela sinalizou que os governos precisam intervir com apoio fiscal para complementar os efeitos da política monetária. 

(Com informações da Reuters)

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