Economia

Crescimento de 2% não condiz com realidade, diz Fraga

Sobre o sistema de metas de inflação, Fraga afirmou que a estratégia permite algum grau de suavização da gestão do nível de atividade

Para Fraga, o regime de câmbio flutuante se casa bem com o sistema de metas de inflação (Wikimedia Commons)

Para Fraga, o regime de câmbio flutuante se casa bem com o sistema de metas de inflação (Wikimedia Commons)

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Da Redação

Publicado em 19 de junho de 2012 às 23h39.

São Paulo - O ex-presidente do Banco Central, Armínio Fraga, avaliou nesta terça-feira que uma taxa de crescimento de 2% não condiz com a realidade da economia brasileira e acredita estar ocorrendo uma visão muito pessimista em relação ao Brasil, especialmente da parte do investidor estrangeiro. Segundo ele, é um processo inverso ao que se viu quando a economia estava crescendo a 7,5%, como em 2010, em que a percepção em relação à economia brasileira era altamente positiva.

"Crescimento de 7,5% não era condizente com a economia brasileira como o de 2% também não é. Temos capacidade para crescer de 4% a 5%", afirmou o ex-presidente ao participar do seminário "Guardiões da Estabilidade", realizado pela Revista IstoÉ Dinheiro.

Ele disse que sempre conversou com investidores estrangeiros e que eles sempre foram mais otimistas com relação ao Brasil do que ele próprio. "Não é que seja pessimista, tanto que estou apostando a minha vida profissional aqui, mas acho que sempre houve exagero em relação ao Brasil", disse Fraga.

Sobre o sistema de metas de inflação, Fraga afirmou que a estratégia permite algum grau de suavização da gestão do nível de atividade, mas não elimina o ciclo econômico. Ele ponderou que esse regime é simples e fácil de entender e foi adotado no Brasil em 1999, quando ele era o dirigente máximo do BC, quase por critérios de exclusão. "Não queríamos o câmbio fixo nem achávamos que seria interessante a adoção de âncoras nominais (para a inflação)", destacou.

Para Fraga, o regime de câmbio flutuante se casa bem com o sistema de metas de inflação. Mas isso não significa que o BC não pode fazer intervenções no câmbio. "O Banco Central pode e deve atuar sobre o câmbio quando avaliar que é necessário", disse.

Ele comentou ainda que "em algum momento vamos ter que encarar a redução da meta de inflação de 4,5%" no Brasil, o que será um complemento importante para solidificar a estabilidade econômica. "Mas eu sugiro que esta mudança ocorra de forma gradual, de acordo com a oportunidade do momento", ressaltou.

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